Antes de chegar no palco montado depois do espelho d'água, no Parque Farroupilha, já era possível avistar bandeiras, adesivos, copos, roupas e leques com as cores do arco-íris. Com música alta e um público animado, o clima da 27ª Parada Livre de Porto Alegre neste domingo (8) foi de alegria e festa, mas sem esquecer de reforçar a mensagem contra o preconceito.
Com o slogan "Stonewall pra sempre, Ditadura nunca mais! Somos filhas da luta”, o evento teve como objetivo celebrar o orgulho LGBT+, promover os direitos humanos e fazer protestos contra a violência e o preconceito. A estimativa é de que 100 mil pessoas, de diversas cidades do Rio Grande do Sul, estiveram presentes na parada.
— Esse evento é importante para Porto Alegre e para o mundo, para a comunidade LGBT +, mas não só. É importante para a sociedade civil organizada de modo geral. É assim que a gente cresce, respeitando a diversidade, combatendo o preconceito e possibilitando que as pessoas vivam as suas vidas, vivam o direito que elas têm de amar quem elas quiserem — defende a militante e organizadora da Parada Livre Carine Vasconcelos Tellier.
Para o professor Jamil Haddad, 27 anos, que participa anualmente do evento, a festa estava linda como sempre.
— É um evento muito legal e uma ação política forte, para afirmar e manter os nossos direitos, que ainda são muito ameaçados. Neste ano, tivemos uma bancada LGBT+ eleita na Câmara Municipal, com duas mulheres travestis. Então, neste ano, a Parada Livre tem um gostinho de vitória — afirma o professor, que distribuía adesivos.
A celebração começou ao meio-dia e contou com apresentações de diversos artistas, em um palco colorido na Redenção. Entre eles, a DJ Aline Boff, a cantora Lola Hills e a drag queen Rebeca Rebu, que fez uma homenagem à deputada federal Erika Hilton. Às 17h, quase uma hora depois do horário marcado, começou a tradicional marcha da Parada Livre.
Milhares de pessoas se organizaram entre os 10 trios elétricos que fizeram, em cerca de uma hora, a volta pelo Parque Farroupilha. Os carros estavam decorados e tocavam todo o tipo de música. O primeiro da fila contava com uma banda ao vivo cantando sucessos de Carnaval.
— É o segundo ano que a gente vem. A melhor parte, com certeza, são os trios. É uma maravilha, muito divertido — relata a auxiliar de cozinha Patrícia Debom, 24.
Ela e o operador de congelados Bruce Novakoski, 24, chegaram no evento no início da tarde e pretendem curtir até à noite.
— Tem gente que não vem por medo de sofrer algum preconceito. Mas temos que lutar pelos nossos direitos. O pessoal luta muito para a gente poder vir aqui curtir — defende Novakoski.
Depois que a marcha acabou, perto das 19h, todos voltaram para perto do palco principal. Ambulantes vendiam água, bebidas alcoólicas, doces e salgados para os participantes. Outras atrações da Capital e do Interior devem passar pelo evento, com shows e apresentações, que tem previsão de encerrar às 22h.
— O evento superou as expectativas. Nós tivemos a felicidade de contar com a ajuda do tempo, que foi importante. As pessoas se sentiram à vontade, puderam vir para a praça, puderam aproveitar — acrescenta Carine.