Rogério Ceni está na corda bamba no Flamengo, e sua equipe está muito distante de mostrar um bom desempenho no Brasileirão. O ex-goleiro e principal jogador da história do São Paulo não consegue repetir, como treinador, o sucesso que tinha jogando.
A cada novo trabalho em clubes de maior grandeza, mostra que suas excelentes performances no Fortaleza ainda são as exceções. A regra tem sido a de não administrar bem a pressão de vestiários pesados de medalhões, bem como a cobrança da torcida, tornando seus times comuns e confusos.
Com um temperamento fortíssimo, espírito de liderança inconteste e resposta técnica em campo, Rogério encerrou a carreira de jogador no São Paulo tendo sido o mais poderoso atleta de todos os tempos no Morumbi. A maior prova disto é que há são-paulinos que apostam que um dia o eterno ídolo deixará a beira dos gramados e trocará os treinamentos pelos gabinetes de uma diretoria. Ele se acostumou a ser poderoso, e assim foi visto por seus colegas, companheiros ou adversários. Isto não está diretamente relacionado com ter cativado uma legião de amigos.
A postura de Rogério Ceni como comandante em clubes como o seu São Paulo, o Cruzeiro e o Flamengo desafiou os vestiários. Com padrão exigente, talvez exageradamente na maneira de cobrar, e de perfil conservador, nunca conseguiu transformar suas boas e modernas concepções de futebol em desempenho dos times.
Em Belo Horizonte, por exemplo, durou pouquíssimo e coincidentemente teve diferenças com jogadores representativos nos elencos. Já no Fortaleza, bem mais modesto do que os outros três pesos pesados, os próprios dirigentes admitem que a ascendência de Rogério se dava até nas decisões institucionais. Lá, não existe vestiário com medalhões. A grande estrela era o técnico, e a ele todos respeitavam e temiam.
Os atuais problemas de Rogério Ceni na Gávea, no Ninho do Urubu, no Maracanã ou onde quer que esteja o Flamengo estão numa dificuldade que ele ainda encontra em ser gestor de seu grupo e administrador das relações com dirigentes em agremiações gigantes.
Seu salto de qualidade ainda não aconteceu, mas não está proibido de ser obtido. Como técnico, ele é jovem e tem boa base teórica, além de ser um homem obstinado e vencedor. Tem tempo para correções e para fazer bons trabalhos em todas as equipes, algo que até hoje só realizou no Fortaleza.