
Chega a ser inacreditável o início da passagem de Manga pelo Inter. Contratado no primeiro semestre de 1974, havia sentimentos diferentes e uma repercussão dúbia entre colorados e gremistas.
Uns vibravam com a chegda de uma lenda do Botafogo nos anos 1960 e do Nacional do Uruguai, campeão mundial em 1971.
De outro lado, pairava a dúvida e vinham críticas por já estar com 37 anos e ser um dos símbolos da derrota da Seleção Brasileira na Copa de 1966, tendo falhado no jogo contra Portugal.
Estreia contra Pelé
A estreia, contra o Santos de Pelé no Pacaembu, em meio ao quadrangular final do Brasileirão, não ajudou em nada. Sofreu um gol no mínimo discutível, para não dizer defensável, numa derrota de 2 a 1 que praticamente tirou o Inter da luta pelo título.
No jogo seguinte, diante do Vasco, com um Maracanã lotado, veio coisa pior: um frangaço no primeiro tempo e um empate em 2 a 2. Era o fim do campeonato nacional e o início da Era Manga.
Redenção
O Gauchão que se seguiu mostrou um goleiro praticamente invencível. Sofreu apenas dois gols no certame inteiro. O Inter foi campeão ganhando todas as partidas, o goleiro usava e abusava de sua marca, a defesa firme com apenas uma das mãos, e até um gol ele marcou contra o Gaúcho de Passo Fundo.
O Manga colorado já era “fenômeno” em 1975, quando fez sua mais importante nos tempos de Beira-Rio. No duelo pessoal contra o maior cobrador de faltas do Brasil, o cruzeirense Nelinho, o goleiro fez pelo menos duas defesas espetaculares, desafiando a incerteza e as curvas feitas pela bola.
"Preciso ganhar este título"
Já seria uma façanha, não estivesse o “Manguita” com um forte estiramento muscular numa coxa desde o primeiro tempo.
Sua frase para o técnico Rubens Minelli no intervalo foi:
— Meio bom ou arrebentado, eu preciso ganhar este título.
Ali o “Manguita Fenômeno” definitivamente virou herói colorado.