Não é exagero dizer que imagens como a de centenas de integrantes da torcida do São Paulo cercando o ônibus da delegação na chegada ao Morumbi são das mais lamentáveis vistas recentemente no futebol brasileiro. E o pior é ver que elas não são únicas.
Os técnicos Fernando Diniz e Lisca colaboraram para este verdadeiro circo de horrores e irresponsabilidade, se misturando a torcedores para comemorar as classificações de seus times para a semifinal da Copa do Brasil. Obviamente que, em todos estes casos, o que menos importava era o uso de máscaras.
Quem temia, com toda a razão, que as emoções do futebol pudessem criar ambientes de aglomeração fora dos estádios sem nenhum cuidado diante da pandemia, está confirmando cada vez mais a previsão.
Tudo o que o esporte conquistou em termos de credibilidade no controle do coronavírus, ainda que não evitando casos positivos entre atletas ou outros envolvidos no espetáculo, pode estar sendo desmoralizado por atitudes inconcebíveis, especialmente de profissionais responsáveis pelo comando de suas equipes. Inclua-se aí o argentino Jorge Sampaoli que também foi flagrado sem nenhum cuidado numa festinha promovida por um dirigente do Atlético-MG. Estamos diante do anti-protocolo, do incentivo à doença e de um desserviço que cerca estádios estrategicamente vazios.
Não estamos falando de nada novo no mundo. Antes de acontecer aqui no Brasil, irresponsabilidades deste tipo já tinham sido vistas logo que o futebol voltou. Na Inglaterra, em agosto, os torcedores do Liverpool foram às ruas celebrar o título da Premier League.
O mais triste, tanto no Brasil como em outros lugares, é que não há punição de qualquer tipo a quem promove ou participa destes atos. Nada acontecerá. Ficará a imagem de uma nefasta manifestação justificada por uma "alegria contagiante", embora capaz de espalhar um vírus que já matou mais de 160 mil brasileiros, ou, na linguagem futebolística, dois estádios do Maracanã lotados.