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Capitão América: Admirável Mundo Novo (Captain America: Brave New World, 2025), que estreou nesta quinta-feira (13) nos cinemas, é o 35º filme do Universo Cinematográfico Marvel (MCU, na sigla em inglês). E o pior deles.
O título é protagonizado por Anthony Mackie, que interpretou Sam Wilson, o Falcão, em seis filmes, entre Capitão América: O Soldado Invernal (2014) e Vingadores: Ultimato (2019). Seu personagem assumiu o posto deixado por Steve Rogers na minissérie Falcão e o Soldado Invernal (2021). A direção é de Julius Onah, cineasta nigeriano que tem no currículo o terror espacial O Paradoxo Cloverfield (2018) e o suspense sobre racismo Luce (2019).
Na trama, após a eleição de Thaddeus Ross (papel de Harrison Ford) como presidente dos Estados Unidos, Sam Wilson enfrenta uma organização criminosa, comandada pelo personagem de Giancarlo Esposito, que roubou um carregamento de Adamantium (uma fictícia liga de ferro praticamente indestrutível). Essa é ponta do iceberg na trama, que inclui a ameaça de uma guerra dos EUA contra uma potência asiática e o surgimento do Hulk Vermelho.
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Ao contrário do que indica o título, o filme não tem nada de admirável nem de novo — a não ser a estreia no MCU de Harrison Ford, mas para "novo" o octogenário ator da sagas Star Wars e Indiana Jones já não serve.
O roteiro propõe um tom sociopolítico: coloca um homem negro, Sam Wilson, atrás do escudo que representa um país marcado por episódios de racismo, escala como seu parceiro um jovem mexicano, Joaquín Torres (Danny Ramirez), faz do presidente dos EUA um dos principais personagens e tem no enredo a prisão injusta de um coadjuvante afroamericano, Isiah Bradley (Carl Lumbly). Porém, os temas que esses papéis sugerem jamais são efetivamente abordados — no máximo, temos o simbolismo da Casa Branca fraturada quando seu mandatário liberta sua raiva e seu ódio, transformando-se no Hulk Vermelho.
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A prioridade são as cenas de ação, mas nem nisso o filme acerta — nenhuma é empolgante, não há nada de criativo ou memorável. O vilão, Samuel Sterns, o Líder (Tim Blake Nelson), é absolutamente insosso, sem profundidade nem mesmo crueldade. Aliás, a violência coreografada dos combates corpo a corpo das aventuras anteriores do Capitão América quase inexiste aqui: tudo é "lavado", combinando com uma direção de fotografia que abomina a cor e o contraste.
No campo das interpretações, só o carisma imortal de Ford mantém o espectador acordado. Mackie se esforça para dar um pouco de dramaticidade e humor a Sam Wilson, mas parece faltar ao ator aquela centelha para ser um protagonista de fato — chega a ser maldade dos roteiristas fazê-lo dizer a seguinte frase: "Isso está começando a ficar muito maior do que eu".
Por fim, vale destacar a trilha sonora, que é insípida e incessante. Até gostei da sua onipresença, porque abafou o som do celular de um sujeito que estava assistindo a vídeos dentro da sala de cinema, tamanho o seu tédio.
Ah, se mesmo depois de ler isso você ainda quiser assistir a Capitão América: Admirável Mundo Novo, cabe um último aviso: só tem uma cena pós-créditos, depois de tooodos os créditos, e ela é muito, muito fraquinha.
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