A rapidez com que a Polícia Civil e o Instituto-Geral de Perícias desvendaram o caso do bolo envenenado em Torres é resultado de investimentos feitos em inteligência, pessoas e equipamentos. É verdade que a suspeita, Deise Moura dos Anjos, que está presa, deixou rastros de suas ações homicidas em vários pontos, mas as forças de segurança deram show de competência na montagem do quebra-cabeça que levou à mulher considerada autora dos crimes.
Em um país de tantos crimes insolúveis, o envenenamento de uma família, com três mortes e três pessoas intoxicadas, parecia literatura de Agatha Christie. Os policiais e técnicos do IGP não só conseguiram identificar a personagem que não estava na cena do crime, como descobriram que, provavelmente, ela também foi responsável pela morte do sogro, em setembro, por envenenamento.
Os investigadores estão dando um recado para criminosos potenciais que possam estar pensando em comprar veneno pela internet para tentar matar alguém. Hoje, tudo é rastreável. Se Deise pesquisou arsênico na internet, pouco antes da morte do sogro, e nos meses subsequentes, as pegadas ficaram no telefone dela ou no computador. Coube à polícia juntar as peças.
Esse caso remete à necessidade de maior controle do que se compra na internet. Como é possível que um produto proibido em ferragens ou lojas onde se compra veneno para rato seja vendido assim, livremente, na internet?
O número de vítimas poderia ter sido bem maior se as velhinhas amigas de dona Zeli Teresinha Silva dos Anjos tivessem ido ao chá combinado entre elas e para o qual a sogra de Deise prepararia um bolo. Todos os indícios são de que a mulher presa colocou o veneno na farinha. Já que o chá não saiu, dona Zeli fez o bolo de Natal para a família e acabou matando três mulheres da família.