Foi unânime a decisão de adiar a votação dos projetos encaminhados à Assembleia na quarta-feira pelo governo do Estado. Oposição e aliados convergiram na avaliação de que as propostas eram complexas demais para uma votação apressada e, em acordo, a sessão desta sexta-feira (19) foi suspensa. Vitória do bom senso e da maturidade, dado que os deputados precisam saber o que estão votando.
Com mais de 300 páginas, o projeto da mudança nos planos de carreira mexe com a vida de milhares de servidores públicos e altera dezenas de leis. Logo, não basta ler a proposta de cabo a rabo ou com lente de aumento. É necessário cruzar com as leis que ele altera para ter certeza de que não há problemas insolúveis nas entrelinhas.
Sem prazo definido para a votação, embora a convocação extraordinária se estenda até 31 de julho, está aberta a porteira para as pressões das categorias que querem reajuste além dos 12% em três parcelas e, principalmente, dos que ficaram de fora. Os excluídos vão desde antigos servidores das fundações e autarquias extintas no governo de José Ivo Sartori e distribuídos pelas secretarias, até os remanescentes da antiga Caixa Econômica Estadual.
No cordão dos descontentes marcham servidores de diferentes áreas da segurança pública até os auditores fiscais da Secretaria da Fazenda. No primeiro caso é pressão por um reajuste maior. No segundo, resistência à mudança de nome no cargo dos técnicos do tesouro, que ganharão o título de analistas.
Embora a secretária de Planejamento, Danielle Calazans, garanta que é apenas uma mudança de nomenclatura, os auditores entendem que a alteração abre a porta para uma invasão de competência e para futuros aumentos para os técnicos, de quem hoje já é exigido que tenham curso superior.