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A reunião do governador Eduardo Leite e do ministro da Reconstrução, Paulo Pimenta, com os presidentes das federações empresariais nesta quarta-feira (12) teve o Aeroporto Salgado Filho na lista de temas que causam apreensão ao setor produtivo. Além desse, os financiamentos para quem mais precisa e não tem capacidade de endividamento e as medidas para evitar desemprego.
Leite e Pimenta definiram a reunião como “muito boa”. O governador disse que os empresários estão apreensivos porque ainda não foi regulamentada a medida anunciada pelo presidente Lula, de pagamento de dois salários mínimos (em dois meses) para os trabalhadores cujos empregadores se comprometerem a manter o emprego. Pimenta descartou a possibilidade de ampliação do benefício para todas as empresas. Disse que é preciso separar os municípios que estão em situação de emergência dos que estão em estado de calamidade.
- Não podemos resolver agora problemas que se acumulam há 10 anos. Se a gente não tratar as coisas com foco, não chegaremos a lugar algum - disse Pimenta.
O governador contou que ele e os empresários reiteraram o pedido para que na próxima semana haja um entendimento entre a Fraport e o governo federal em relação ao reequilíbrio econômico-financeiro do contrato.
Após a reunião, Pimenta revelou que essa reunião ocorrerá na terça-feira (18), em Brasília. Dela participarão, além de Pimenta, a CEO da Fraport, Andreea Pal, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa, e o chefe da Casa Civil, Rui Costa. Entre as possibilidades em discussão estão a antecipação do pagamento da indenização de R$ 271 milhões pelas perdas da covid, que pelo cronograma vai até 2025, ou o adiantamento do seguro, no valor de R$ 130 milhões, já que o dinheiro não é pago à companhia, mas ao poder concedente. No caso, a União. Esse dinheiro ajudaria a custear a limpeza e a compra de equipamentos danificados.
A negociação atrasou porque Rui Costa passou uma semana na China e, no retorno, Andreea disse que só poderia se reunir com o governo na próxima semana, porque antes precisa detalhar a situação com seus superiores na Alemanha.
Há uma desconfiança entre diferentes personagens envolvidos na discussão sobre a recuperação do Aeroporto Salgado Filho de que o chefe da Casa Civil, Rui Costa, é um empecilho ao avanço das negociações com a Fraport.
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Na primeira reunião para tratar do aeroporto, Rui Costa teve um atrito com Eduardo Leite. Em certo momento, perguntou se Leite era governador ou advogado da Fraport, já que defendeu a liberação de recursos para a concessionária fazer os consertos necessários. Há, no PT, setores que sonham com a volta da Infraero, ignorando que a empresa que historicamente administrou o Salgado Filho não conseguiu fazer a ampliação da pista nem a modernização do terminal, obras que já custaram R$ 2 bilhões à Fraport.
Em reuniões internas, Costa não esconde que está descontente com a Fraport. Ele acha que a empresa demorou demais para começar os testes da pista e que deveria ter entrado mais cedo no terminal, para começar a limpeza e o levantamento dos prejuízos.
ALIÁS
Quem sonha com a construção do Aeroporto 20 de setembro, em Nova Santa Rita, esquece que o governo não tem R$ 5,4 bilhões para investir no projeto.