O jornalista Carlos Rollsing colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
A futura ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos (PC do B), assegurou à coluna que o processo de liquidação da Ceitec, sediado em Porto Alegre, na Lomba do Pinheiro, será revogado nos primeiros dias do governo Lula 3.
Ela disse que a medida entrará no pacote de revogaços que Lula fará para invalidar medidas do governo Bolsonaro, incluindo as facilidades para a compra e porte de armas de fogo. A Ceitec é uma empresa pública que projeta e fabrica circuitos integrados, conhecidos como chips e semicondutores, mas estava em processo de fechamento de portas por decisão do governo Bolsonaro. Um dos principais argumentos para essa medida era o fato de a empresa pública não ser lucrativa. Pelo contrário, é deficitária e a diferença é coberta pelo Tesouro Nacional.
— É a única do país que projeta e fabrica semicondutores. Isso é um crime contra o interesse nacional. Vamos retomar. Não podemos submeter a inovação à lógica do mercado e do lucro. Os resultados não são imediatos e apostas precisam ser feitas — defende Luciana.
A futura ministra, confirmada para o cargo na quinta-feira, avalia que a revogação será facilitada por apontamentos do Tribunal de Contas da União (TCU) quanto a inadequações do processo de liquidação que está em andamento. A decisão ocorre em momento de escassez mundial de chips, cenário agravado pela pandemia de coronavírus. Os semicondutores são essenciais para diversos componentes eletrônicos, desde carros até celulares, e a pouca oferta faz subir os preços para o consumidor. Atualmente, existe dependência do continente asiático para o fornecimento de chips. É um caso típico de indústria do presente e do futuro. Um dos desafios da Ceitec será buscar adequações para produzir chips de alta complexidade.
Luciana ainda afirmou que uma das prioridades será recuperar o orçamento do ministério para repor as perdas inflacionárias das bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Uma das formas de fazer isso será pela busca de emendas impositivas de parlamentares que ainda podem ser apresentadas na reta final de 2022. Para exemplificar a falta de recursos, a futura ministra cita o caso do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDTC): chegou a arrecadar R$ 5,5 bilhões em 2010, mas caiu para R$ 500 milhões atualmente.
— Vamos enfrentar um cenário de terra arrasada. A prioridade é recuperar o orçamento — diz Luciana.