Abortada pelo presidente Jair Bolsonaro diante da repercussão negativa pela interpretação equivocada de que se tratava da privatização do SUS, a ideia de incluir Unidades Básicas de Saúde e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) no programa de parcerias com a iniciativa privada não nasceu da cabeça do ministro Paulo Guedes.
A proposta é herança do gaúcho Erno Harzheim, que a formulou quando foi secretário de Atenção Primária à Saúde, na gestão do ministro Luiz Henrique Mandetta. Ex-secretário da Saúde de Porto Alegre, Harzheim diz que é “insanidade confundir parceria público-privada (PPP) com privatização do SUS”, um sistema descentralizado e gerido pelos municípios.
— Só um idiota pode achar que estudos de PPP são privatização. Quem entendeu que o decreto era a privatização do SUS precisa fazer um cursinho de interpretação de texto — disse Harzheim.
O ex-secretário reconhece que as dificuldades de comunicação do governo podem ter sepultado uma proposta que visava ampliar os serviços oferecidos aos usuários do SUS. A ideia era fazer parcerias com a iniciativa privada para construir e gerenciar postos de saúde e Unidades de Pronto Atendimento, recebendo por serviços prestados.
Discurso semelhante foi feito nesta quinta-feira (29) pelo ministro Paulo Guedes em conversa virtual com parlamentares. Guedes disse que a proposta foi mal interpretada e repetiu que seria uma insanidade afalar em privatização do SUS.
Guedes lembrou que hoje há, em todo o Brasil, 4,5 mil unidades Básicas de Saúde e 168 Unidades de Pronto Atendimento com obras paralisadas por falta de recursos, que poderiam ser concluídas pelo capital privado. O ministro da Economia elogiou o SUS e lembrou que o sistema salvou milhares de vidas na pandemia.
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