
Qual o real estado de saúde do papa Francisco?
A resposta é simples: poucas pessoas sabem. Além dos médicos da Clínica Gemelli, em Roma, que tratam do Pontífice internado no 10º andar, apenas alguns poucos assessores têm acesso ao prontuário do líder da Igreja Católica.
O boletim médico da tarde desta segunda-feira (3) sobre o estado de saúde de Francisco volta a preocupar.
Conforme o texto, o Pontífice apresentou dois episódios de insuficiência respiratória aguda, causados por um significativo acúmulo de endobrônquico e consequente broncospasmo.
O texto acrescenta que foram realizadas duas broncoscopias com necessidade de aspiração de secreções abundantes. Foi retomada a ventilação mecânica não invasiva.
A coluna, que vem acompanhando os sinais emitidos pela equipe médica do Hospital Gemelli e pelo Vaticano, reuniu algumas interpretações.
Na quarta-feira (5), completam-se 20 dias da internação do papa Francisco. Entre evasivos comunicados oficiais e reservadas conversas com fontes no Vaticano, o que é possível extrair sobre a saúde do Pontífice.
— Os comunicados são, em geral, lacônicos, como o da manhã de ontem: "dormiu bem durante toda a noite". Esse tem sido o padrão de quando o Papa está em estado estável (não mais do que uma frase), apesar da situação crítica. Notícias ruins normalmente fogem a esse padrão, com mais detalhes no informe (quatro a cinco frases), como o da tarde: "No dia de hoje (esta segunda-feira, 3), o Santo Padre apresentou dois episódios de insuficiência respiratória aguda, causados por um significativo acúmulo de muco endobrônquico e consequente broncospasmo".
— São dois comunicados diários - um no final da manhã em Roma (por volta de 4h em Brasília) e outro à tardinha (às 15h em Brasília).
— Na única coletiva até agora, os médicos do Papa disseram que Francisco pediu para que sejam transparentes com a opinião pública. Isso, em tese, estaria sendo cumprido.
— O Papa teve dois momentos mais críticos: no sábado (22), quando sofreu uma crise de asma prolongada. Ele precisou de terapia de alto fluxo de oxigênio e transfusão de sangue, devido a um quadro de anemia. A outra crise foi no sábado passado (1º), quando teve uma crise isolada de broncoespasmo — episódio de vômito com inalação, o que agravou o quadro respiratório.
— A própria imprensa oficial do Vaticano enfrenta dificuldades diante dos relatos bastante lacônicos. Os jornalistas tomam todo o cuidado com o significado de palavras como "retrocesso", por exemplo, que, em muitos momentos, pode parecer, erroneamente, que o estado de saúde do Papa piorou.
— As atividades noticiadas de Francisco denotam que o Papa estaria ativo: ele tem mantido o hábito de telefonar para a arquidiocese de Gaza, em demonstração de empatia na guerra, e nomeou a irmã Raffaella Petrini, até agora secretária geral do Governatorato, presidente da Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano e presidente do Governatorato. São ações que exigem movimento.
— Uma fonte próxima ao Papa em Roma afirma que está otimista, mas atenta para a fragilidade de Francisco devido à idade avançada. A percepção é de que vai levar tempo para ele sair do hospital e talvez não volte com a mesma disposição.