
Na noite desta terça-feira (4), Donald Trump fará seu primeiro discurso sobre o Estado da União deste novo mandato.
Esse é aquele pronunciamento em que o presidente americano fala perante as duas casas do Congresso indicando sua agenda para o ano - quando costuma ser ovacionado pelos aliados, aplaudido com respeito pelos adversários e, de uns anos para cá, dada a polarização que desgasta qualquer relação republicana, ouvir vaias.
O mundo em geral e os Estados Unidos em particular são bem diferentes de quando Trump ocupou aquele púlpito do Capitólio pela última vez: entramos e saímos da pandemia de covid-19, responsável em grande parte por sua derrota para Joe Biden naquele ano de 2020, encaramos duas novas guerras (Ucrânia e Oriente Médio), as mudanças climáticas se acentuam, a extrema direita ascende, e os americanos enfrentam uma inflação que corrói o poder de compra da classe média — que, em grande parte, lhe devolveu a Casa Branca em novembro passado.
No discurso desta terça, Trump deve repetir, em algum grau, o pronunciamento da posse, em 20 de janeiro. Vitaminado pela popularidade — e como showman que é - irá, provavelmente, apostar no mito de que está refundando a nação. O tema do discurso será "A renovação do sonho americano".
Veja algumas apostas
1 O pacificador
Trump vai se apresentar como o grande pacificador do Oriente Médio, o líder que, antes mesmo de reassumir a presidência conseguiu o cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
2 Próxima cartada
Com esse triunfo no peito - mau ou bem o cessar-fogo segue vigente -, Trump irá dizer que é o único político capaz de acertar a paz entre Rússia e Ucrânia.
3 America first
Leal a seu slogan "America first" e sabendo da gigantesca audiência televisiva - provavelmente maior do que no discurso de posse - irá anunciar que os EUA vão gastar dinheiro em si próprios - e não mais na segurança de aliados globais, em especial europeus.
4 Contra todos
Seguindo a cartilha conservadora dos think tanks que redigiram seu plano de governo, vai demonizar a China e ameaçar com novas tarifas — dobrando também a aposta contra as nações que reagiram ao tarifaço, além da própria China, México e Canadá.
5 O justiceiro
Vai vangloriar-se de ter mandado embora imigrantes ilegais, a quem culpa por todos os males da segurança interna americana - dos crimes comuns ao terrorismo.
6 Estado menor
Com Ellon Musk, "o mãos de tesoura", nas galerias, Trump deve também comemorar o fato de ter cortado dezenas de milhares de empregos públicos e desativado agências e programas federais.
7 Petróleo e gás
Deve repetir o mote de campanha "Drill, baby, drill" (Perfure, bebê, perfure) e a promessa de aumentar os investimentos na produção de petróleo para reduzir o custo da energia.