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Muito do que o governo do Estado e a prefeitura de Porto Alegre irão conhecer na Holanda, a partir desta semana, foi antecipado pelas reportagens que mostramos, nos veículos da RBS, em junho do ano passado, quando viajei para o país europeu no momento em que o Estado recém saía de seus dias mais tenebrosos.
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O governador Eduardo Leite e o prefeito Sebastião Melo conhecerão, de perto, projetos como o Deltariver (o sistema de proteção do delta do Reno em relação ao mar), o Room for the River (que abriu áreas para que os rios pudessem alagar sem provocar impactos na população) e Zandomortor (que ampliou, de forma artificial, a faixa de areia da praia para reter o avanço do mar sobre a costa).
Alguns dos projetos do Plano Rio Grande têm inspiração no modelo holandês. O projeto RioS (Resiliência, Inovação e Obras para o Futuro do Rio Grande do Sul) foi concebido por meio do acordo de cooperação técnica entre BNDES e o Estado para uma estratégia na Região Hidrográfica do Guaíba.
Na Holanda, Leite e Melo irão perceber, de cara, que as obras de engenharia são o que há de mais visível em termos de proteção contra cheias: por onde se anda, há sistemas de proteção. Muitas vezes, você está em uma autoestrada e nem sabe que dirige o veículo em uma pista sobre um dique. Também perceberão que prevenção e segurança são palavras impregnadas na cultura do povo.
Mas, de tudo o que as autoridades gaúchas conhecerão, o mais importante, será aquilo que não se enxerga a olho nu: o processo de gestão integrada, multiagências - por isso, é bom que Estado e prefeitura viajem juntos, apesar de divergências políticas.
A Holanda aprendeu com tragédias a respeitar a natureza. Não a controlá-la. Os holandeses também só chegaram a tal nível de excelência porque aprenderam a despolitizar o tema da prevenção. Estamos falando de mudança de cultura.