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O deputado estadual Leonel Radde (PT) registrou boletim de ocorrência contra o estudante da UFRGS, formando em Engenharia de Minas, que pintou uma suástica no rosto no dia das fotos para a colação de grau.
Na terça-feira (18), durante a cerimônia de formatura, o aluno apareceu com outros desenhos no rosto, provocando professores e colegas.
Segundo Radde, que tem a agenda antifascista como prioridade, esse tipo de manifestação repete a tática vista em outros locais do mundo.
— Querem causar confusão ao dizer que ser neonazista é liberdade de expressão. Essa não é uma brincadeira de formatura. É crime e inaceitável — afirmou.
O boletim de ocorrência foi feito na Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI). A acusação é de apologia ao nazismo.
O estudante alegou que os símbolos são relacionados ao hinduísmo.
Entenda o caso
A UFRGS informou, na última terça-feira (18), que ia solicitar à Polícia Federal (PF) uma investigação do caso de um estudante que compareceu à cerimônia de formatura com símbolos pintados no rosto.
A situação foi registrada no Campus Centro, em Porto Alegre, e gerou polêmicas nas redes sociais.
Em nota, a universidade informou que o formando do curso de Engenharia de Minas foi à cerimônia com desenhos semelhantes a suásticas pintados na testa e nas bochechas (confira a íntegra abaixo).
Ainda conforme a instituição, assim que a situação foi identificada, o vice-reitor e o coordenador de segurança informaram ao estudante que ele não poderia colar grau com a pintura no rosto.
O formando alegou que se tratava de um símbolo do hinduísmo e negou que os desenhos fizessem referência ao nazismo. Após isso, ele substituiu as pinturas por outros desenhos, como o "Om (🕉)", composto por três curvas, um semicírculo e um ponto no topo.
Um boletim de ocorrência foi registrado ainda na terça-feira, logo após o episódio, e um inquérito foi instaurado na manhã desta quarta-feira (19).
Segundo a delegada Tatiana Bastos, titular da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI), a polícia já tem acesso ao teor da ocorrência. Será averiguado se o jovem praticou apologia ao nazismo, o que é crime e pode resultar em uma pena de até cinco anos.
Também na manhã desta quarta-feira (19), o vice-reitor da UFRGS, Pedro Costa, divulgou nas redes sociais que fez o registro do boletim de ocorrência na Polícia Federal.
Confira a nota da UFRGS na íntegra:
"A Universidade informa que, antes do início da cerimônia de formatura, ao tomar conhecimento que havia um formando com uma suástica pintada no rosto, tomou as seguintes providências:
• O vice-reitor e o coordenador de Segurança foram até o local em que se encontrava o estudante (na sala em que os formandos se preparam para a cerimônia) e proibiram o estudante de participar da colação de grau com a suástica pintada no rosto;
• O formando alegou que se tratava de um símbolo hindu e negou que estava ostentando um símbolo nazista;
• Ele foi, então, advertido que se não apagasse a suástica, além de não poder colar grau, seria encaminhado para a Polícia Federal para registro de ocorrência e para que a PF avaliasse se era ou não de um símbolo nazista o que ele ostentava;
• Diante dessa advertência, ele concordou em apagar a pintura da suástica e manteve no rosto outros símbolos, sem relação com o nazismo, com os quais permaneceu na cerimônia.
• A UFRGS decidiu que irá registrar boletim de ocorrência na Polícia Federal nesta quarta-feira, dia 19.
• Também nesta quarta-feira, serão analisadas que medidas administrativas devem ser tomadas.
Salienta-se que, diferentemente das diversas manifestações nas redes sociais, o formando em questão NÃO ostentava símbolos nazistas durante a cerimônia de formatura. Também é importante destacar que a decisão da Universidade de dar prosseguimento à cerimônia dentro da possível normalidade diante deste inadmissível episódio deve-se à consideração aos demais formandos, seus familiares e convidados que estavam reunidos em um momento de celebração. Posto isso, a UFRGS reafirma que não tolera manifestações de ódio, de intolerância ou de ataque aos direitos humanos nos seus espaços."
Nota do Diretório Central dos Estudantes
"Enquanto representação máxima dos estudantes da UFRGS, reafirmamos que apologia ao nazismo É CRIME e essa ação não passará impune. A UFRGS é território antifascista e não aceitaremos que se normalizem ações como essa dentro da nossa Universidade.
Enviaremos ainda hoje ofício à Reitoria da Universidade exigindo a anulação da entrega do diploma e da formatura do aluno Vinícius diante do crime cometido, que é previsto no Código Penal Brasileiro. Além disso, uma rigorosa investigação desse episódio será fundamental para que não se repita.
Nazistas não passarão!"