Será um 2025 complexo nas relações internacionais. Não apenas devido à posse de Donald Trump, que retorna à Casa Branca em 20 de janeiro, mas principalmente pelos conflitos inacabados no Oriente Médio e no Leste Europeu.
A coluna preparou um guia para navegar em 2025, destacando quais temas devemos ficar atentos. Nesta, falamos sobre o mundo. Nos próximos dias, destacaremos os assuntos que devem pautar este ano na política nacional e regional.
1 Maduro levou
A eleição na Venezuela foi fraudada, boa parte do mundo não reconheceu, o Brasil e outros países pediram a divulgação das atas eleitorais, mas a verdade é que o ditador Nicolás Maduro consolidou sua vitória à fórceps. Toma posse no dia 10. É a normalização do regime autocrático sob olhos coniventes da comunidade internacional.
2 Cão de guarda
Trump 2.0 será um grande teste para a imprensa americana, que precisa reforçar seu papel de watchdog (cão de guarda) da sociedade e, com as demais instituições, da democracia.
3 Trump 2.0
O ano 1 de Trump 2.0 será o fato mais importante (previsível, porque sempre há surpresas) de 2025. Há um clima de apreensão no ar: ele dificilmente cumprirá a promessa de deportar todos os ilegais, mas alguma ação nesse sentido irá tomar. Certamente, vai retirar o país do Acordo de Paris e irá intensificar a guerra comercial com a China. As relações políticas entre Lula e Trump também devem ser observadas. Tendem a ser geladas.
4 Paz nos termos de Putin
Assim como a coluna identificou indícios da vitória de Trump meses antes da eleição nos EUA, é possível vislumbrar sinais de que o conflito na Ucrânia se encaminha para o fim, para uma "paz", segundo a cartilha de Vladimir Putin. Ou seja, a consolidação dos territórios ucranianos que a Rússia já ocupou no leste do país. Assim como a Crimeia em 2014, haverá alguma reclamação da comunidade internacional, mas, na prática, Donetsk e Luhansk já são russas. A Europa, com Trump desinvestindo da Otan, fica mais vulnerável.
5 Bibi vitaminado
Mais de cem reféns israelenses seguem sequestrados em Gaza, a população palestina continua sofrendo - pela ocupação de Israel e acossada pelo grupo terrorista Hamas -, mas Benjamin Netanyahu segue forte no poder. O premier israelense é o aliado internacional mais forte de Trump e, com o enfraquecimento do Irã e do arco xiita, ganhou uma sobrevida no cargo apesar das denúncias de corrupção da qual é alvo e da pressão das famílias israelenses pelo retorno dos reféns. O futuro da Síria nas mãos dos rebeldes que derrubaram a ditadura é ainda uma incógnita.
6 Ano Jubilar
O papa Francisco, que completará 89 anos em dezembro, vai lançar novo livro no primeiro semestre: "A esperança nunca decepciona". A cada quarto de século, a Igreja Católica comemora o Ano Jubilar. O tema deste 2025 será "Peregrinos da Esperança".
7 Dragão à espreita
Embora pouco comentado atualmente, a situação no Mar do Sul da China é uma das mais críticas em termos de segurança internacional. A China segue transformando a área de intenso tráfego marítimo em seu grande lago particular, o que pode provocar "incidentes" com nações vizinhas. Assim como na Europa, o desinvestimento dos americanos na região da Ásia-Pacífico favorece uma posição mais assertiva do dragão chinês.
8 Equilíbrio distante
O Brasil assumiu em 1º de janeiro o Brics. Será um desafio de equilíbrio comandar o grupo que, cada vez mais mais se consolida como uma união de países que contestam a hegemonia americana na ordem internacional.
9 Dupla crise
As locomotivas econômica e política da União Europeia vivem crises: na Alemanha, Olaf Scholz perdeu o voto de desconfiança, e os conservadores devem vencer a eleição de 23 de fevereiro; na Franca, Emmanuel Macron busca um ano de recuperação coletiva, enfraquecido após dupla derrota eleitoral em 2024 (nas eleições europeias e legislativas).
10 Tira-teima
Será o ano em que os termos do acordo entre União Europeia e Mercosul serão olhados com lupa pelos parlamentos. O assunto não foi encerrado com o anúncio do acordo de livre-comércio. Enfraquecido, Macron deve tornar o tratado seu cavalo de batalha em busca de popularidade. Agricultores fazem carreatas até Paris em protesto. Além da França, Itália, Polônia e Irlanda ameaçam o acerto.