Há incerteza no mercado financeiro quanto à dimensão da falência do Silicon Valley Bank, que colapsou em 48 horas nos Estados Unidos.
No domingo (12), o governo anunciou medidas na tentativa de conter maiores danos: a mais importante é a criação de um programa de financiamento para instituições financeiras, reservando US$ 25 bilhões.
A falência do SVB, conhecido por financiar startups, é a maior quebra de um banco dos Estados Unidos desde a crise de 2008. Por isso, do ponto de vista financeiro e político todos querem evitar a contaminação do sistema - em parte porque a tragédia financeira daquele ano atingiu o mundo e também porque teve impactos políticos até hoje sentidos.
O colapso financeiro, do ponto de vista político, abriu as portas, do ponto de vista político, no entendimento dos democratas, para a reascensão não só do Partido Republicano, mas de sua ala mais radical. Do ponto de vista geopolítico, foi visto como uma oportunidade para a China, país que, apesar dos pesares, saiu melhor do que os demais da crise.
Em 2008, o contágio foi muito maior: significava o colapso de um conjunto de instituições muito grandes que estavam alavancadas no mercado de derivativos - os impactos, assim, foram sistêmicos e globais, com bancos na Alemanha e no Reino Unido sendo afetados.
Espera-se que, desta vez, não seja uma crise da mesma envergadura. Até porque, agora, as autoridades americanas tiveram uma resposta mais rápida.
O FED, banco central americano, fará uma reunião extraordinária às 12h30min horário de Washington (14h30min em Brasília).
Ainda assim, a repercussão na pré-campanha presidencial é direta. É ano importante para a política dos Estados Unidos, quando se definem os pré-candidatos à presidência
Joe Biden deve ser candidato à reeleição - e a crise, nesse momento, é um mau sinal. No domingo (12), ele elogiou o plano do FED em comunicado, disse que está comprometido com a responsabilização dos culpados pelo que chamou de "bagunça" e com a continuidade dos esforços para fortalecer a regulação de bancos maiores para que não se repitam situações como essas. Sobre esse tema, afirmou que irá pedir ao Congresso e aos reguladores que fortaleçam as regras para bancos para tornar menos provável que esse tipo de falência ocorra novamente e para proteger os empregos americanos.
O temor é de que a desconfiança dos correntistas quanto à saúde financeira de seus bancos leve a uma disparada dos saques ainda maior. Resultado: crise generalizada.
O ex-presidente Donald Trump, candidatíssimo na eleição do ano que vem, é empresário e visto como um político mais próximo do sistema financeiro. Por isso, mesmo que se evite o caos no sistema financeiro americano, ele já sai ganhando.