
Notícias falsas se propagam com mais facilidade em meio a crises, quando populações estão fragilizadas pelo medo. Não é diferente no momento em que o mundo vê o coronavírus avançar por mais de 40 países, entre eles o Brasil, onde até agora um caso foi confirmado em São Paulo.
Algumas fake news beiram o ridículo, como a que se espalhou nos últimos dias sobre a suposta descoberta da cura da doença. É mentira. Não há nenhum medicamento, vitamina, alimento ou vacina que possa prevenir a infecção pelo novo vírus. O que há de verdade é que uma empresa dos Estados Unidos, a companhia de biotecnologia Moderna, anunciou ter enviado ao Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (Niaid) uma vacina experimental, mas a descoberta não entrou em testes com seres humanos e, se der certo, pode levar meses para ser disponibilizada para uso em massa. A China também anunciou que outra vacina experimental contra o coronavírus poderá ser testada em abril. A empresa de biotecnologia Clover Biopharmaceuticals fez parceria com a britânica GlaxoSmithKline para testar a vacina Covid-19 S-Trimer.
Fake news alimentam o preconceito ou a xenofobia, efeito colateral da desinformação. Nesse quesito, redes espalham que produtos enviados da China (em especial o plástico bolha!) trazem coronavírus. É outra mentira. O vírus só é transmitido entre humanos e não sobrevive mais de 24 horas fora do organismo humano ou animal.
Em meio à guerra comercial entre Estados Unidos e China e à disputa geopolítica entre os americanos e russos, resquício da Guerra Fria, era esperado que notícias falsas envolvendo teorias da conspiração aparecessem. Uma delas, espalhada via Twitter, Facebook e Instagram, afirma que os russos estariam divulgando que o vírus foi criado pelo americanos para "evitar uma guerra econômica contra a China". Também afirmam que seria uma arma química biológica inventada pela CIA e que isso faz parte de uma estratégia ocidental de disseminar "mensagens anti-China".
Ainda não apareceu no meu radar, mas o contrário também irá ser inventado. Logo alguém vai dizer que a China estaria desenvolvendo em Wuhan – onde o vírus apareceu primeiro – uma arma biológica secreta que acabou "vazando" e contaminando a própria população.
Normalmente acusado de não agir contra fake news, o Facebook desta vez antecipou suas medidas. Disse na quarta-feira (26) que proibirá anúncios de produtos que ofereçam curas ou algum tipo de prevenção para o coronavírus ou que dão senso de urgência em relação à doença. Entre os exemplos do que não será mais permitido, estão anúncios com alegações como “máscaras com 100% de garantia de impedir a propagação do vírus”.
Diariamente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulga um boletim sobre a situação global. Disponível aqui. O Ministério da Saúde também disponibiliza uma página na qual desmente informações falsas sobre a epidemia. Leia aqui.
O melhor antídoto contra fake news é informação qualificada, apurada por jornalistas, e respaldada por cientistas e médicos.