Nações pobres são as que mais sofrem diante de um terremoto ou furacão, como o Irma, que devastou Barbuda, São Martinho e São Bartolomeu e Porto Rico e ruma com força descomunal para a Flórida, nos EUA. O miserável Haiti, castigado tantas vezes por doenças, terremotos e epidemias, foi poupado desta vez.
Territórios empobrecidos são impactados em todo o ciclo de uma catástrofe natural - antes, durante e depois.
Primeiro porque suas edificações construídas de forma precária não resistem aos efeitos a fortes tremores de terra ou aos ventos de quase 300 km/h, no caso do Irma. Mais prédios desabados significam número maior de mortos e desaparecidos.
Segundo porque nações empobrecidas, em geral com governos corruptos, não têm planos de evacuação das áreas em risco, como os colocados em prática nas Ilhas Keys, a primeira ponta dos EUA a ser atingida pelo Irma nas próximas horas, e em condados como Miami-Dade, onde 100 mil moradores foram retirados de casa, e em áreas costeiras da Geórgia.
Por fim, com terra arrasada, não há plano nem dinheiro para a reconstrução, que leva anos ou nunca acontece.
Basta comparar os efeitos de um terremoto no Japão e no Haiti ou no Peru. Em casos como Kobe (1995) e Fukushima (2011), a destruição teria sido muito maior não fossem a qualidade das edificações japonesas, os planos de emergência e o investimento na reconstrução. Em terremotos que cobri no Peru (2007) e no Haiti (2010), casas feitas com barro e água foram esmagadas com o primeiro tremor. Não havia sequer dinheiro para enterrar os mortos, que ficavam ao relento ou eram empilhados em caminhões.
Concorde-se ou não com a forma como Donald Trump governa, ele acertou ao ter declarado o Texas em situação de catástrofe antes mesmo da chegada do furacão Harvey, o que liberou recursos federais para lidar com a crise. No caso do Irma, acredita-se que as despesas chegarão a US$ 200 bilhões - quase o dobro de toda a dívida de Porto Rico, território que os EUA tomaram da Espanha em 1898 e hoje é um Estado associado americano.