Quatro assuntos estiveram nesta quarta-feira entre as principais pautas de veículos de comunicação do Estado. A ponte entre Muçum e Roca Sales, no Vale do Taquari, foi liberada para veículos, um ano e meio depois de ser parcialmente destruída na enxurrada de setembro de 2023. Porto Alegre voltou a ter voos diretos para Buenos Aires, ligação interrompida após o aeroporto Salgado Filho ser alagado na enchente de maio do ano passado. Reportagem de Zero Hora mostra que especialistas sugerem mais verde e menos asfalto para conter o aquecimento das cidades em meio a ondas de calor. A chuva irregular e as temperaturas altas devem persistir até maio, com perdas severas no campo, informa GZH. São temas com o mesmo pano de fundo: os eventos climáticos extremos. Atestam o quanto as variações violentas do tempo vêm interferindo na vida dos gaúchos.
O clima está vinculado a temas da vida real, ligados ao desempenho econômico e ao bem-estar da população
A ponte entre Muçum e Roca Sales é de grande importância para a logística regional. O trânsito interrompido causou uma série de contratempos às comunidades locais. Porto Alegre, que pela localização geográfica chegou a ser alçada à condição de capital informal do Mercosul, ficou 10 longos meses alijada de um voo sem escalas a Buenos Aires. É o resultado de uma devastação de proporções inéditas no país. O movimento do Salgado Filho, aliás, ainda não se recuperou totalmente. Em janeiro, o número de pousos e decolagens ainda estava 21% abaixo do mesmo mês de 2024.
O Rio Grande do Sul também arde na quarta onda de calor do ano. As temperaturas altíssimas repercutiram na educação e no transporte público. Preocuparam na saúde, devido aos riscos à vida para idosos, crianças e portadores de doenças crônicas. Grandes cidades, como Porto Alegre, tardam a despertar para a adaptação necessária ao enfrentamento de ondas de calor inclementes que continuarão a vir, reflexo do acelerado aquecimento global. No aspecto econômico, o Estado voltará a amargar prejuízos bilionários com a nova estiagem. A falta de chuva vai afetar a pecuária e a produção de soja, com reflexos diretos no PIB de 2025. Enquanto isso, a irrigação avança em um ritmo muito aquém do necessário.
As consequências das enchentes de setembro de 2023 e de maio de 2024 ainda são sentidas pelo Estado. É uma constatação que atesta o quanto os gaúchos – poder público e sociedade – devem se preparar para evitar tragédias de dimensões semelhantes quando novas chuvaradas atingirem o território gaúcho. Pode demorar, mas a ciência alerta que novos dilúvios virão. Da mesma forma, urge um planejamento urbano voltado à adaptação às temperaturas opressivas. No campo, ainda não há resposta adequada à equação que deve conciliar maior reservação de água, irrigação e proteção ambiental.
O clima está vinculado ao cotidiano e a temas da vida real, ligados ao desempenho econômico e ao bem-estar da população. Precisam estar na frente na lista de prioridades de gestores e legisladores. Em tempos de polarização, desperdiça-se tempo e energia demais com pautas que geram engajamento e barulho nas redes sociais, mas que na verdade mostram um alheamento temerário em relação aos verdadeiros desafios do Estado, já suficientemente escancarados.