Entrei no táxi bem-humorada, rumo a um dos meus programas favoritos: iria ao cinema com uma amiga. Disse um sonoro boa-tarde e me acomodei. O motorista respondeu "Boa tarde, mas…". E essas reticências contêm todas as mazelas dos nossos complexos tempos. Ouvi, ouvi e ouvi. Cansei. Não dele, mas de tudo. Meu basta chegou quando veio a generalização. Todas as culpas em nós, todos nós, os desonestos. Então, perguntei a ele: "O senhor é desonesto?". E perguntei à minha amiga: "Tu és desonesta?". Diante das duas negativas, acrescentei: "Também não me considero desonesta". Portanto, dentro deste carro, 100% das pessoas se dizem honestas. Minha "pesquisa científica" de final de semana o fez calar. Não usei de veemência nem de raiva. Ele nos deixou no destino, nós duas comentamos o diálogo e ficou por isso. Mas fiquei pensando em como as generalizações também nos têm levado a esquecer de quantos milhares de conhecidos (e milhões de desconhecidos) podem ser classificados de honestos, gentis, generosos, solidários.
Consciência
Rosane Tremea: quem sabe particularizemos?
Fico pensando em como as generalizações também nos têm levado a esquecer de quantos milhares de conhecidos (e desconhecidos) podem ser classificados de honestos, gentis, generosos, solidários
Rosane Tremea
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