Se o Inter ganhar ou perder o clássico deste domingo, a torcida não sabe de que forma terá alcançado sucesso ou fracasso. A direção recém contratou um treinador que chegou prometendo tempos de audácia. Nos primeiros 90 minutos de amostragem, foi o que se viu.
Com a promessa cumprida, colorados e coloradas imaginaram que começava, de fato, um outro momento no Brasileirão. Ansiosos por mais coragem, talvez tenham pensado num Inter capaz de dar de frente com o Grêmio na Arena. Antes, veriam uma vitória corajosa sobre o Athletico-PR no Beira-Rio.
Então, o que viram foi uma decisão retrógrada de Zé Ricardo escalando Patrick dentro de casa para se defender do apoio de Madson...!!! Aliás, autor da jogada do gol de empate dos atleticanos. Por mais de uma hora do jogo, o Inter de Zé Ricardo foi o Inter de Odair.
Lento como o cágado, pesado e burocrático. Ainda assim, o Inter vai para o Gre-Nal em zona de Libertadores. O que confunde boa parte da torcida colorada é o que esperar do seu time na Arena. Zé Ricardo, após o empate de quinta-feira, prometeu um Inter ofensivo na casa do Grêmio. Como assim, se não se formatou ofensivo para enfrentar o Athletico-PR no Beira-Rio? O discurso e a prática não fecham.
O que pintou como novo momento de ousadia para o Inter dar o salto que faltava no campeonato retornou a um ponto de partida que, na verdade, foi o ponto de encerramento do trabalho do treinador anterior. Acima de tudo, há uma palavra que rege o conceito de futebol do Inter. É o medo. De levar gol. De perder. De ser vazado. De deixar espaço quando o lateral sobe. De levar bola nas costas se o meio-campista avança. Medo.
A própria trajetória de Zé Ricardo na carreira não é de um ofensivista. Depois de elevar a esperança de boa parte da torcida pelo que sinalizou na Fonte Nova, o treinador submeteu-se ao que parece ser a política de futebol do clube. Segura. Espera. Para. Não vai. Fica.
Aguenta. Dá para ganhar e ser campeão assim? Dá. Não este ano, será mais um do Inter sem faixa no peito com este conceito extremamente conservador de fazer futebol. Mas dá. O Inter vai para o Gre-Nal no meio de um caminho que chegou a cogitar abandonar e não teve coragem de deixar de fato.