
O presidente Lula frustrou várias vezes as previsões de alguns auxiliares e de lideranças do centrão sobre o anúncio da reforma ministerial. No ano passado, havia a justificativa de aguardar as eleições municipais. Depois, de esperar o resultado da escolha dos novos presidentes da Câmara e do Senado. O petista não contava agora com as sucessivas más notícias sobre a aprovação de seu governo. E as pesquisas de opinião têm impacto direto nas negociações porque as alianças têm sempre um olhar no futuro. Neste caso, as próximas eleições.
Lula sabe que não pode exigir agora de lideranças partidárias um compromisso absoluto de composição do seu palanque em 2026. Mas os movimentos são calculados de ambos os lados. Os últimos levantamentos sobre a avaliação do governo despertam uma dúvida prática entre lideranças do centrão: é hora de ampliar poder no Executivo ou de se engajar na oposição?
O crescente poder do Congresso sobre o orçamento é outro ponto de inflexão. Ministérios com baixo orçamento já não são considerados grandes atrativos por lideranças que são cada vez mais relevantes em suas regiões pelo envio de recursos das emendas parlamentares.
No caso do presidente da República, além de avaliar os benefícios políticos que as mudanças de equipe podem proporcionar, também é preciso lidar com as divisões internas do PT e com diferentes visões sobre o rumo que o governo precisa adotar diante da queda de popularidade.
No núcleo petista, há militantes convictos de que o presidente deveria fugir do centro político, fazer discursos mais alinhados à esquerda e reforçar a polarização com bolsonaristas. Na cúpula do Planalto, prepondera a opinião de que o governo precisa focar na gestão e entregar resultados práticos, buscando harmonia com o Congresso para a aprovação de projetos necessários para a sequência do mandato.
Como já ficou claro neste terceiro mandato, a despeito de opiniões que vêm de todos os lados, Lula decidirá sozinho sobre o tamanho da reforma ministerial, o prazo para implementá-la e o rumo que dará a seu mandato.