O primeiro encontro do presidente Lula com os novos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), irradiou otimismo sobre o futuro da relação entre o governo e o Congresso. O clima amistoso em frente às câmeras, porém, esconde problemas urgentes, que são conhecidos há bastante tempo pelo Planalto e podem criar dificuldades para a sequência do mandato de Lula.
No trecho da reunião transmitido à imprensa, o presidente rasgou elogios a Motta e Alcolumbre, e afirmou que “eles não terão problema na relação com o Poder Executivo”. Assim como Motta, Alcolumbre repetiu a defesa de um Legislativo forte e independente. Mas o senador foi além, e prometeu “espírito colaborativo” e apoio a pautas do governo.
O que importa saber, contudo, é o que Lula fará para garantir a relação harmoniosa que não teve nos dois primeiros anos de mandato. Entre lideranças de partidos que possuem ministérios e, portanto, têm proximidade com o governo, sobram críticas sobre a articulação. Além disso, a escolha de candidaturas de consenso mostrou um Congresso cada vez mais unido e menos dependente do governo.
Antes da lista de prioridades do Planalto, que será entregue formalmente nesta segunda-feira (3) ao Congresso, as lideranças cobram uma solução definitiva sobre o pagamento de emendas. Apesar de a suspensão ter sido determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), todas as lideranças políticas conhecem o papel que o Planalto pode exercer para facilitar a vida dos congressistas.
Lideranças do centrão também não escondem que o alinhamento entre governo e Congresso depende de uma nova divisão de forças. O presidente Lula avalia desde o ano passado uma reforma da Esplanada, que deve deslanchar a partir desta semana, após acordos com partidos dispostos a caminharem com o governo.