O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comemorou nesta sexta-feira (20) o avanço do pacote fiscal no Congresso, e projetou que as mudanças feitas pelos parlamentares terão impacto mínimo na economia projetada para os próximos dois anos. Os cálculos da Fazenda apontam para uma redução de pouco mais de R$ 1 bilhão, em um montante que era estimado em R$ 71,9 bilhões.
— O número se aproxima muito do que era pretendido, então fizemos conta e não houve a desidratação no nível divulgado. Eu diria que o Congresso atendeu, dentro das suas possibilidades. Chegamos, num prazo muito curto, a um resultado preliminar interessante — afirmou.
Em café da manhã com jornalistas, Haddad reforçou que adotará medidas permanentes de revisão de gastos e que outros projetos serão apresentados no ano que vem. Ele não quis antecipar as áreas que poderão ser atingidas.
O envio do primeiro pacote de corte de despesas ao Congresso no final deste ano ocorreu após uma série de negociações internas. Ao ser questionado sobre a frustração do mercado sobre o impacto, Haddad disse que há temas sensíveis junto aos ministérios para a revisão de despesas e a estratégia foi enviar agora o que já estava pacificado.
— Ou eu mandava agora para aprovar uma primeira leva de ajustes, ou ia deixar um pacote mais robusto para o ano que vem, o que ia gerar mais incertezas. Seria um banho de água fria. Então, é melhor já submeter aquilo que está pacificado do que esperar até março para ter uma coisa mais robusta e vistosa — argumentou.
Sobre a resistência dos parlamentares às novas regras para o pagamento de emendas, Haddad justificou que a dificuldade é uma herança de Jair Bolsonaro, que "terceirizou" a gestão de governo para o Legislativo, elevando o pagamento de emendas a um patamar inédito. O ministro rechaçou a ideia de que o atual governo busca equilibrar as contas apenas através do aumento de receita, mas voltou a dizer que o país não irá avançar para o controle das contas sem rever seus gastos tributários.
— Os ajustes sempre são feitos em cima da parte mais fraca, estamos buscando fazer algo mais justo. Quem não paga, quer continuar não pagando. Esta pessoa que conseguiu um privilégio em Brasília tem a mesma força para impedir que ele não seja revisto — sustentou.
O ministro disse que no próximo ano quer ampliar a transparência para que toda a população possa enxergar as empresas contempladas com redução de impostos, e aí supostos privilégios serão melhor discutidos.