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Os argentinos invadiram o Litoral neste início de ano e, no sentido contrário, os produtos gaúchos passaram a ocupar uma fatia mais relevante no mercado de lá. As exportações do Rio Grande do Sul para a Argentina aumentaram 63% em janeiro deste ano em comparação com o mesmo mês do ano passado.
Os embarques, em valores totais, foram de US$ 56,8 milhões para US$ 92,5 milhões, conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). A alta gaúcha é um pouco acima da média nacional: as empresas argentinas compraram 58% a mais das brasileiras no período.
Segundo o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Giovani Baggio, há efeito da melhora da economia da Argentina e do câmbio. Quando o peso argentino ganha força contra o real, os produtos brasileiros ficam mais acessíveis no mercado do vizinho sul-americano.
— O movimento de queda de inflação e juro e maior confiança de consumidores e investidores está chegando à atividade econômica, o que faz com que as empresas tenham que produzir mais, criando maior demanda por produtos gaúchos.
O que puxou o aumento
Os itens que puxam o aumento de envios são dos setores automotivo e agrícola (veja detalhes abaixo). Os embarques de partes e acessórios de veículos lideram, com US$ 15 milhões em valores totais, alta de 59% ante janeiro de 2024.
As exportações de máquinas agrícolas (com exceção de tratores) e suas partes tiveram um crescimento ainda maior: de US$ 30,9 mil para US$ 7,4 milhões, incremento de 23.785%. Baggio afirma que a Argentina teve uma boa safra, o que ajuda a explicar a alta.
O economista, no entanto, lembra que a base de comparação é baixa. Desde 2022, a Argentina perde força como parceira comercial do Rio Grande do Sul, ainda que siga entre as três principais. E apesar da alta de janeiro, China e Estados Unidos continuam recebendo mais produtos gaúchos do que a Argentina.
*Colaborou João Pedro Cecchini