
O anúncio sobre a redução do preço do diesel da Petrobras fugiu do padrão e levantou sobrancelhas no mercado. A diminuição de 4,6% nos valores cobrados pelas refinarias da estatal não foi comunicada por uma nota impessoal, como é padrão na estatal.
Contrariando uma prática já adotada há muitos anos, desta vez o anúncio foi feito pessoalmente pela presidente da Petrobras, Magda Chambriard, durante evento no BNDES, "vizinho" da sede da petroleira no Rio de Janeiro. Tratava-se do protocolo de intenções sobre um um programa ambiental com o banco público de apoio ao investimento. A executiva avisou que não há planos para baixar a gasolina.
Do ponto de vista dos dados & fatos, havia algum espaço para reduzir o diesel e manter a gasolina. Conforme dados da Associação Brasileiras dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o diesel nas refinarias da Petrobras estava em média 2% acima do praticado no mercado internacional, enquanto a gasolina no Brasil está 2% mais barata. Mas é bom lembrar que os cálculos da Abicom ainda são baseados na paridade de preços de importação (PPI), abandonada pela Petrobras há quase dois anos.
É grave? Não, mas mesmo assim provocou estranhamento no mercado, habituado à liturgia mais impessoal. Atrelar a imagem da presidente da estatal a um anúncio de redução de preço pode ser conveniente. Mas será que também seria dessa forma se fosse um aumento?
Neste momento em que o Brasil enfrenta inflação alta, especialmente nos alimentos, o diesel é estratégico. Como cerca de 90% das mercadorias viajam de caminhão no país, a redução do diesel pode amortecer o custo do frete e, por consequência, ajudar a desacelerar os preços da comida. Claro, se for repassado.
Ao anunciar a nova redução, Chambriard afirmou que, em relação a 31 de dezembro de 2022, véspera da posse do atual governo, os preços cobrados nas refinarias acumulam queda real (descontada a inflação) de 29% no óleo diesel e de 11,7% na gasolina. Uma curiosa característica do governo anterior, que tinha caminhoneiros como aliados, foi a de que o diesel ficou por muitos anos com preço acima do da gasolina.
— Preço não e uma questão para a gente. Se precisar subir a gente sobe, se precisar descer a gente desce. O abrasileiramento gerou economia relevante para a sociedade brasileira — disse Chambriard sobre o fim da PPI.