Menos de 48 horas depois de afirmar, em vídeo, que não haveria "exceções ou isenções" para a tarifa de 25% sobre a importação de aço e alumínio nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump já admitiu uma: à Austrália.
Depois de falar com o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, Trump afirmou estar disposto a considerar uma isenção de tarifas à Austrália:
— O motivo é que eles compram muitos aviões. Eles estão bem longe e precisam de muitos aviões. Na verdade, temos superávit, é um dos únicos países com que temos superávit.
É um dos poucos, mas não é o único. Como a coluna já relatou, o Brasil tem déficits sucessivos com os EUA há ao menos uma década. Então, é uma oportunidade para o Brasil usar o mesmo discurso: é "um dos únicos" países com o quais os EUA tem superávit.
Como nada é simples em uma guerra comercial mundial, há um porém. Trump mencionou a possibilidade de isentar a Austrália depois de falar ao telefone com Albanese.
– Acabei de falar com ele, cara muito bom – disse o presidente americano sobre a experiência.
É difícil imaginar que o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, possa repetir a experiência de Albanese. Em primeiro lugar, porque convencê-lo da necessidade seria um desafio. Em segundo, porque não se sabe se seria atendido. E em terceiro, porque dificilmente Trump diria, sobre Lula, que é um "cara muito bom" – como fez seu antecessor democrata, Barack Obama, em um já distante 2009.
Então, pode ser um caminho difícil, mas nem por isso deve ser ignorado. Se há precedente para condições semelhantes à do Brasil, a possibilidade de uma negociação precisa ser buscada à exaustão.