Não é só o tão esperado quanto temido aumento dos impostos de importação (tarifas) prometido por Donald Trump que pode fazer o dólar subir. A ameaça repetida às vésperas da posse, de "deportação em massa" de imigrantes ilegais, também é fator de pressão no câmbio. Nesta segunda-feira (20), a cotação abriu quase estável, com leve oscilação para cima, mas passou a recuar, também pouco, depois que o Banco Central (BC) fez novo leilão de moeda americana.
Mesmo com origem é diferente, mas o mecanismo de transmissão para os Estados Unidos e o resto do mundo é o mesmo: o risco de aumento da inflação. Como quase todo mundo sabe, o trabalho dos imigrantes em geral, em especial o dos ilegais, baixa preços para os americanos.
Como essas pessoas aceitam salários menores, exatamente pelo fato de não estarem legalizadas, acabam reduzindo custo de empresas e de famílias. Acumulam-se escândalos envolvendo políticos que empregavam imigrantes ilegais em atividades como limpeza da casa ou manutenção do jardim. Atividades que demandam trabalho temporário também costumam usar essa mão de obra.
Reação em cadeia
Por que a deportação em massa também faz o dólar subir
- Se ao assumir a presidência dos Estados Unidos Donald Trump cumprir a ameaça de deportação em massa, podem ocorrer dois efeitos: escassez e/ou encarecimento da mão de obra.
- O custo maior do trabalho tende a fazer a inflação subir.
- Com preços em alta, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) terá de ser mais cauteloso na redução do juro.
- Assim, os títulos públicos dos EUA, considerados os mais seguros do mundo, seguirão remunerando bem e vão atrair investidores financeiros para esses papéis.
- Com alto fluxo de entrada de dólares nos Estados Unidos e saída de mercados emergentes como o Brasil, a moeda americana se fortalece.