A coluna já relatou a estranha tendência de criação de criptomoeda a partir de meme. Uma das mais populares é a Doge — que não por acaso "batizou" também o novo departamento do governo Trump comandado por Elon Musk, um dos disseminadores da coin simbolizada por um cachorro.
Na disputa de egos com seu mais vistoso apoiador, o presidente dos Estados Unidos não quis ficar atrás: na sexta-feira anterior à posse, criou a $Trump, outra memecoin. Veja a cotação clicando aqui, porque até a coluna duvidou que seria um fato, até checar.
Em seus primeiros dias, chegou a subir cerca de 10.000%, mas depois desinflou para o patamar de 450%. No Brasil, conforme dados do Mercado Bitcoin, cerca de 50 mil contas fizeram transações com a $Trump, movimentando cerca de R$ 350 milhões.
O site Official Trump lista duas entidades como proprietárias de um total de 80% do fornecimento da memecoin: a CIC Digital LLC, afiliada da Trump Organization, e a Fight Fight Fight LLC, recém-incorporada cuja propriedade não está clara, segundo a Forbes.
Conforme relatório de 2014 da Binance, esse tipo de criptomoeda cresceu 212%. Mas a própria corretora focada nesse segmento avalia que não se pode dizer, ainda, se isso é um novo fenômeno financeiro ou só mesmo uma piada.
A Binance define memecoins como uma categoria de criptomoedas construídas não com base em inovação tecnológica, mas no poder coletivo da cultura da internet. O que define seu valor é a comunidade engajada e o quanto acredita no ativo. Seu valor não é baseado na utilidade ou na escassez, mas no humor compartilhado e na disposição de acreditar na piada.
Exatamente por esse motivo, em tese qualquer pessoa com boas conexões pode lançar uma memecoin. É um pouco mais estranho quando é a pessoa que tem, entre suas obrigações, preservar o valor do dólar. Mas poder, pode.
Ao informar sobre as memecoins, a Binance faz uma advertência: "para o usuário médio, envolver-se com memecoins significa um experimento de alto risco com psicologia coletiva. O primeiro princípio que os usuários devem lembrar é que esses tokens desafiam a lógica tradicional de investimento, prosperando não na utilidade ou valor fundamental, mas nas correntes inconstantes da viralidade".
Também avisa que "o sucesso de um memecoin depende inteiramente de sua capacidade de capturar a imaginação da internet, surfando na onda de piadas, tendências e momentos culturais que definem o zeitgeist online". Fica o registro, mas também o alerta.