Aprendemos muito sobre os bastidores do Oscar, oficialmente Academy Awards, durante a fase de expectativa para a indicação. Mais brasileiros descobriram que o processo não envolve apenas merecimento. Ou seja, não ganha o Oscar, necessariamente, o "melhor filme".
A façanha brasileira inédita na premiação, que é ter uma obra indicada para "melhor filme", não apenas como "melhor filme internacional" – e conquistar o máximo de indicações para um off Hollywood –, tem um segredo: uma eficiente campanha de marketing.
Críticos que acompanham o Oscar há décadas desvendam o nome do jogo: é visibilidade. E contam pontos participação em eventos, entrevistas, aparições públicas, sessões do filme com debates para votantes. Foi o que fizeram o diretor Walter Salles e os atores Fernanda Torres e Selton Mello, além de outros integrantes da equipe. A melhor notícia é esta: além de fazer cinema de alta qualidade, a equipe soube jogar esse jogo.
Quando venceu o Globo de Ouro, Fernanda Torres afirmou em suas redes sociais que o filme "mostra ao mundo que não estamos brincando em serviço e a entrega é de qualidade". Foi uma entrega também de esforço. Fernanda voou 10 horas de ida e volta entre Nova York e Los Angeles para conciliar uma entrevista para a TV em cada cidade.
"Conquistou" oito minutos líquidos de entrevista ao programa de Jimmy Kimmel, um dos mais populares do showbiz americano. E confirmou a qualidade de sua atuação entregando um crível personagem de atriz latino-americana candidata ao Oscar, sem afetação – mas com afirmação de quem tem um Globo de Ouro na prateleira – e com simpatia. Pela arte e pelo marketing bem-feito, todos merecem.