A capitulação do governo Lula ao barulho provocado por fake news e manipulação de informação torna a gestão econômica de 2025 ainda mais desafiadora do que já era. Depois de enfrentar perda de credibilidade na política fiscal, que fez o dólar chegar a espantosos R$ 6,267, aumentou o risco de perda adicional de confiança.
Quem está no comando no Brasil? O governo Lula ou as redes sociais? Decisões econômicas muitas vezes precisam se render à política, como dizem tanto o secretário especial para reforma tributária, Bernard Appy, quanto o ex-ministro da Economia Paulo Guedes.
Mas uma coisa é tornar uma medida viável, mesmo com avanços e recuos no caminho, ou até constatar que é inviável e desistir antes de formalizar. Outra foi o recuo que, por mais que seja estratégico, emite um grande sinal de fragilidade pela derrota frente à manipulação.
— O recuo frente a fake news sobre a taxação do Pix só pode ser interpretado como fraqueza do governo. É tão absurda a tese que iriam taxar Pix acima de R$ 5 mil que me pergunto onde estavam esses mesmos indignados quando descobrirem que o radar do governo era ainda mais baixo, em R$ 2 mil — avalia o economista André Perfeito.
Com anos de experiência no mercado financeiro e agora titular de uma consultoria, Perfeito pondera que Receita e Fazenda tinham pouco a fazer para evitar factoides, mas alerta:
— Se a população se inclina a aceitar mentira como verdade, é evidente que a situação econômica está piorando. Parte é pela inflação, mas também é preciso pensar no ajuste do juro que tem como objetivo criar uma recessão de laboratório.
Se ainda há dúvida sobre a ocorrência de uma recessão, Perfeito pondera que uma desaceleração "está contratada".
— Essa hipersensibilidade da população é uma evidência de que a atividade já está desacelerando e batendo nas famílias e nas empresas.