Antes do choque de juro do Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira (11), a Federação de Entidades Empresariais do Estado (Federasul) projetava taxa básica de juro a 14,25% em 2025 — o que o Copom já prevê para próximo março.
Nesta quinta-feira (12), na apresentação de balanço de 2024 e perspectivas para 2025, no dia seguinte ao choque de juro, a entidade elevou sua previsão em 1,5 ponto percentual, com Selic a 15,75% no próximo ano.
Conforme anunciado pelo próprio presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, fazer projeções a essa altura embute certa subjetividade. A que foi elaborada pelo vice-presidente e coordenador da divisão da Economia da Federasul, Fernando Marchet, tem bastante: parte do pressuposto de que o governo, mesmo depois de um choque de juro vai "dobrar a aposta" do estímulo fiscal.
— Em vez de adotar ações para melhorar o fiscal, com impacto de curto prazo para economia se reajustar, entendemos que o governo vai apostar no crescimento, de onde vem sua popularidade — diz Marchet.
Isso faria o BC "correr atrás", elevando o juro para segurar a inflação. É também o que ajuda a explicar a projeção de inflação da Federasul para 2025 de 5,12%, acima do que estima para o fechamento para este ano, de 4,85%. Não parece lógico prever inflação maior com Selic mais alta, mas, outra vez, é efeito da aposta de Marchet de que a expansão fiscal será mantida.
É também por isso que prevê crescimento de 2,47% no PIB nacional no próximo ano. Segundo Marchet, representa "bom crescimento" em relação ao índice deste ano, que na estimativa da Federasul, vai atingir 3,48%.
Assim como a Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), a Federasul prevê para 2025 um ano melhor para o Rio Grande do Sul do que para a média nacional. Projeta alta do PIB gaúcho em 4,28% neste ano — a despeito da enchente — e 3,21% no próximo, sobretudo por expectativa de safra recorde.
*Colaborou João Pedro Cecchini