O juro básico no Brasil caiu de 13,75% para 11,25% desde agosto do ano passado, mas ainda é o quinto maior do mundo, em termos nominais, e o segundo mais alto se for considerado o valor de mercado, descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses.
Ou seja, mesmo depois da série de cinco cortes, o preço do dinheiro no Brasil ainda está entre os maiores do mundo, mesmo que o país não ofereça um dos maiores riscos do mundo. E há um detalhe cruel nessa conta: como a projeção de inflação - usada para "descontar" a taxa nominal - também caiu em relação à do ano passado, deixa o juro real ainda mais alto.
Um dos rankings mais populares no Brasil, do site MoneYou, situa o juro real nacional só atrás do México. A lista usa o critério de cálculo chamado ex-ante, que "desconta" do juro de mercado a projeção de inflação nos próximos 12 meses. A estimativa aplicada é a do "consenso do mercado", ou seja, a da maioria dos economistas consultados para elaboração do boletim Focus do Banco Central.
Juro alto, como se sabe, faz a economia andar mais devagar, por frear empréstimos e investimentos. No entanto, o chamado "diferencial de juros" - quanto mais alta é a taxa básica de cada país em relação à dos Estados Unidos, referência do mercado - tem outro papel. Quanto mais alto, mais atrai capital especulativo, especialmente para a bolsa de valores. Não é dinheiro que gera produção, mas ajuda a frear a cotação do dólar.
Na Argentina, por exemplo, que tem nesse momento o maior juro nominal do mundo, de 100% ao ano, também tem uma das taxas reais mais baixas do planeta. No cálculo no MoneYou, o juro real no país vizinho é negativo em 31,15% (não é uma mera conta de subtração). Isso significa que se alguém fizesse uma aplicação remunerada pelo juro de mercado por lá ainda perderia 31,15%.
As maiores taxas reais do mundo
- México | 6,49%
- Brasil | 5,95%
- Colômbia | 4,81%
- Turquia | 3,78%
- Indonésia | 3,78%
- República Checa | 2,46%
- Chile | 2,45%
- África do Sul | 2,29%
- Hong Kong | 2,27%
- Hungria | 2,26%
Fonte: Moneyou