Até parece que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) está fazendo seus comunicados na estratégia "copia e cola". A decisão de fazer um novo corte de 0,5 ponto percentual - o quinto desde agosto de 2023 - veio acompanhada da frase que já pode ser repetida de memória:
"Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário."
A decisão era amplamente esperada, mas havia expectativa com mudança nos termos do comunicado. Nada de relevante apareceu. Até a dupla nada dinâmica, "moderação e parcimônia", continua lá. A coluna chama a atenção para o fato de que o Copom ainda vê necessidade de manter "política monetária contracionista".
Em bom português, isso significa manter o juro alto o suficiente para desacelerar a atividade econômica, o "preço" de fazer a inflação baixar. Manteve, também, o plural em "próximas reuniões", o que significa que prevê novos desbastes básicos de 0,5 p.p. nas reuniões de 19 e 20 de março e 7 e 8 de maio.
Antes da decisão do Copom, um pronunciamento de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) desestimulou as apostas de início do corte de juro, por lá, em março:
— Seremos dependentes de dados, que vamos olhar reunião por reunião. Baseado na reunião de hoje, não penso que é provável que o comitê irá alcançar um nível de confiança suficiente até a reunião de março.
Em Wall Street, a frase fez os investidores murcharem, com a bolsa de Nova York fechando em baixa de 0,8%. Aqui, a bolsa que havia escalado durante o dia a 129 mil pontos deu uma desanimada, mas manteve o sinal positivo, encerrando em 127 mil pontos, resultado de levíssimo avanço de 0,28%.
Muitos economistas avaliam que a data mais provável para início do ciclo de baixa nos EUA é maio. Até lá, vai continuar a especulação sobre a possibilidade de o Copom acelerar o passo. No ritmo atual, o juro básico chegaria aos 9% que o mercado espera para este ano em 18 de setembro.