O calendário acabou, mas as surpresas de 2023, ainda não. Na tarde desta sexta-feira (5), saiu o resultado da balança comercial do ano passado. O saldo, ou seja, a diferença entre exportações e as importações, alcançou US$ 98,84 bilhões, o maior valor da série histórica. A surpresa? As projeções no início do ano passado eram de cerca de US$ 56 bilhões (veja tabela abaixo).
Esse valor significa que o Brasil vendeu ao Exterior US$ 98,84 bilhões a mais do que comprou de outros países. O valor ajuda a explicar a queda do dólar no ano passado, mesmo diante de todas as incertezas que se caracterizaram ao longo do ano. Nesta sexta, o câmbio fechou com recuou de 0,73%, para R$ 4,872. Pela manhã, havia chegado a R$ 4,939 às 10h30min.
Analistas atribuem o bom desempenho ao prolongamento do bom momento para matérias-primas básicas (commodities) no mercado global. A diferença entre a projeção e o resultado é atribuída a três produtos principais: soja, ferro e petróleo.
E a um parceiro de grande apetite, a China, que teve o maior crescimento das compras entre os principais destinos dos produtos brasileiros: 16,5%. E chamou atenção o valor total exportado para os chineses em 2023, por ser muito parecido com o do saldo recorde: US$ 105,6 bilhões.
Até a Argentina, mergulhada em crise, aumentou em 8,9% suas compras do Brasil, e ficou em quarto lugar entre os maiores clientes. Estados Unidos e União Europeia, que são respectivamente segundo e terceiro, diminuíram as encomendas de produtos brasileiros no ano passado. Embora o valor de 2023 tenha sido um valor excepcional, no sentido de que dificilmente será repetido, há expectativa de que a balança comercial também ajude a equilibrar a economia do Brasil em 2024.
Bola de cristal fosca
As projeções para 2023 no início e no final do ano passado e como estão para este ano
Indicador | Janeiro X Dezembro 2023 | 2024
IPCA | 5,36% X 4,46% | 3,9%
PIB | 0,78% X 2,92% | 1,52%
Dólar | R$ 5,28 X R$ 4,85 | R$ 5
Juro | 12,25% X 11,75% | 9%
Saldo comercial | US$ 56,61 bi X US$ 98,84 | US$ 70,50