Não estranhe a foto acima: a instalação é no Rio de Janeiro, mas a roda-gigante é da gaúcha Gramado Parks, que entrou em recuperação judicial em abril passado. Mesmo antes de fechar o acordo com os credores, o que deve ocorrer no início de 2024, a empresa retomou seus projetos de expansão. Conforme Ronaldo Costa Beber, atual CEO, a dívida total que será reestruturada - ainda se discute o valor exato que fica dentro da RJ - é de R$ 1,5 bilhão.
A primeira obra retomada, a partir desta semana, é a do parque aquático Acquaventura, na Praia de Carneiros, município de Tamandaré (PE), com investimento previsto em R$ 140 milhões. No Estado, o empreendimento mais conhecido da Gramado Parks é o Snowland, em Gramado.
Segundo Beber, o pedido de RJ foi inevitável porque a Gramado Parks atua em dois segmentos - hospitalidade e entretenimento - duramente afetados pela pandemia.
— Os parques ficaram fechados, cessou a venda de multipropriedades, explodiu o custo das obras. Algumas dividas foram integralizadas (pagas) por investidores. Chegou a haver um desentendimento sobre a forma de reestruturação, mas a administração do momento decidiu pela recuperação judicial — relata o executivo.
Sobre o "desentendimento", Beber disse que se tratava de uma divergência que acabou em ruptura entre a gestora dos fundos que hoje controlam a empresa e e família fundadora. Foi o que o transformou em CEO.
Além do Rio, a empresa de Gramado tem outra roda-gigante em Foz do Iguaçu. Ambas estão no guarda-chuva chamado Yup Star. Ainda tem o Acquamotion, parque aquático indoor em Gramado, onde ainda controla três hotéis (Bella Gramado, Exclusive Gramado e Buona Vitta) e quatro restaurantes (Dona Lira, Opiano, Don Milo e Signature).
— Estamos com as negociações da recuperação judicial bem avançadas em todas as classes de credores. Clientes pediram distrato (cancelamento da compra) e fechamos as condições para devolver esses recursos. As unidades já voltaram o estoque, agora falta só retornar.
Com o fim das restrições impostas pela pandemia, os parques voltaram a funcionar e cresceu o interesse pelo tipo de empreendimento que a empresa oferece - multipropriedade, que significa a venda de pequenas parcelas de um determinado imóvel, com ocupação permitida somente durante um período do ano. A ocupação antecipada (com reservas) média de dezembro chega a 75%.
— Adotamos um programa de austeridade e controle de custos que vai reduzir dezenas de milhões de reais no ano, enquanto a operação se fortalece, então estamos prontos para retomar a expansão, com estratégia contida para que não passe por crise de novo — pondera Beber.
* Colaborou Mathias Boni