Em menos de duas semanas, foram fechados dois negócios que há muito tempo não se via no setor de petróleo, que somaram US$ 124,5 bilhões. Na segunda-feira (22), a Chevron comprou, por US$ 60 bilhões, a também americana Hess, obtendo uma fatia na produção de petróleo na costa da Guiana, considerada a descoberta mais significativa da última década, vizinha da Margem Equatorial que a Petrobras briga para explorar.
No dia 11, a ExxonMobil - conhecida como Esso quando operava no Brasil - adquiriu, por US$ 64,5 bilhões, a Pioneer Natural Resources, maior operadora da área mais produtiva do mundo, a Bacia do Permiano, entre Texas e Novo México (EUA). Os dois valores mencionados incluem dívidas assumidas pelas compradoras.
Conforme especialistas do setor, um dos motivos para a alta do petróleo era exatamente a falta de investimentos pesados, diante do foco na transição energética, ou seja, na descarbonização da economia. Quando só se fala em fontes renováveis, investimentos multibilionários em combustível fóssil parece sinalizar falta de crença de que o pico de demanda ocorrerá em menos de sete anos, em 20203.
Consultoria especializada em energia, a Rystad classificou assim esse movimento contraintuitivo: "acelera uma nova era de megafusões na área de petróleo". Uma frase que costuma ser citada no segmento, sempre que se menciona o fato de o petróleo ser um recurso finito, é de que a Idade da Pedra não terminou por falta de pedra, mas com o desenvolvimento de outras habilidades. Hoje, o petróleo ainda move o mundo, mas se não quisermos voltar à Idade da Pedra por excesso desse recurso, é preciso investir quantias de mesma dimensão em outras opções.