Além de registrar a menor taxa de desemprego (7,9%) em um trimestre encerrado em julho desde 2014, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) referente ao mês passado chamou atenção de economistas por outro dado.
O indicador chamado Massa Salarial Real Habitual alcançou o recorde da série histórica da pesquisa: chegou a R$ 286,9 bilhões, alta de 2% ante o trimestre móvel anterior e de 6,2% na comparação anual.
Ainda que a série histórica da atual metodologia da Pnad Contínua não seja tão longa - começa em 2012, portanto há "apenas" 11 anos -, inclui um período em que o país discutia se havia alcançado o "pleno emprego". Por isso, é notável que esse indicador quebre o recorde nesse momento. Uma das explicações é a desaceleração da inflação.
Como diz uma parte do nome - "real" - , trata-se de uma medição corrigida pela inflação, mais especificamente o IPCA. Representa a soma dos rendimentos brutos de todas as pessoas ocupadas. Com inflação menor, o deflator - número aplicado para transformar o dado de "nominal" (sem descontar a inflação) em "real" (descontada a inflação) diminui, e o resultado fica maior.
Para o economista André Perfeito, com anos de experiência no mercado, o dado é tão bom que deve levar a revisões para cima nas projeções do PIB em 2023. A estimativa mais frequente é de 2,29%, a de Perfeito é de 2,5%. E o economista avalia que o dado da massa salarial provoque uma aproximação da média ao seu número.