Vista do lado de dentro - a coluna fez uma visita rápida na manhã desta sexta-feira (4), logo depois da reinauguração -, a primeira loja circular da Renner em Porto Alegre, no Iguatemi, é até bem quadradinha. O que é muito redondo é o conceito: tudo o que entra é reaproveitado, reusado, reciclado ou encaminhado a descarte correto.
É o próprio ESG na prática: é a 13ª unidade com essa característica no Brasil. No Estado, foi antecedida em um dia por outra loja circular em Canela, aberta na quinta-feira (3). As duas receberam investimento de R$ 40 milhões (R$ 28 milhões na da Capital e R$ 11 milhões na da Serra, com três pisos e 1,6 mil metros quadrados na Rua Felisberto Soares, bem pertinho da Catedral de Pedra).
Conforme o gerente-geral de sustentabilidade da Renner, Eduardo Ferlauto, todas as novas unidades da rede já estão sendo implantadas com esse conceito. Como a rede tem cerca de 650 lojas no Brasil, as demais serão transformadas à medida que for necessário algum tipo de reforma nas instalações atuais.
Uma das primeiras características do conceito é a chamada permeabilidade, ou seja, como fica em um shopping, fica mais "aberta" para os clientes, sem espaços com vitrines separadas. Os manequins estão espalhados dentro do espaço - todos 100% feitos com resinas plásticas recicláveis.
— Essa loja tem 6,7 mil metros quadrados, mas antes nem parecia. Agora, parece — constatou Ferlauto, que guiou a visita da coluna.
A impressão de amplitude é real, porque a loja ficou mais leve - literalmente. Só em gesso - revestimento do forro, houve redução de 84%. As roupas também estão em expositores mais "magrinhos" - 50% menos material, o que reduz consumo e ainda dá mais destaque aos produtos à venda. Aliás, em vez de fixas no chão, as araras agora são móveis e modulares, para permitir rearranjo interno sem reformas, assim como a iluminação.
No meio da loja, há dois cilindros de vidro com fibras de algodão e viscose - ambas naturais, porque a viscose deriva da celulose. Ferlauto lembrou que a Renner tem 100% do algodão usado em suas peças com certificação de produção responsável. E destacou:
— Nenhuma concorrente global tem isso.
No caso da viscose, a certificação cai para 70% porque não há produção nacional da fibra - mas a Renner já está envolvida na solução dessa lacuna. E o compromisso com redução, reúso, reciclagem ou descarte correto começou na própria reforma da loja do Iguatemi Porto Alegre: todos os resíduos foram empregados em terraplenagem ou produção de biomassa, nada foi levado para aterros.
Só há um elemento que a coluna estranhou: as "plantas" existentes na loja são artificiais. Segundo Ferlauto, foi necessário, em nome da sustentabilidade, porque a rede tentou usar vegetais verdadeiros, mas o resultado não foi o esperado.
O gerente de sustentabilidade da Renner ainda destacou que, além dos aspectos sociais e ambientais, o novo modelo de loja traz mais conveniência e agilidade aos consumidores, com a bancada "Omni" - que permite compra nos canais digitais da rede e selfcheckout, ou seja, caixas operados pelos próprios clientes.
* Colaborou Mathias Boni