Sim, era possível: o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) cortou o juro em 0,5 ponto percentual, de 13,75% para 13,25% ao ano. Como a coluna havia afirmado, não havia motivo para fazer menos.
Pela primeira vez em muitos anos, a decisão não foi unânime, e o voto do presidente do BC, Roberto Campos Neto, confirmou as especulações que vinham desde a reunião anterior: foi decisivo para a votação de cinco diretores pelo corte de 0,5 e quatro de 0,25.
Campos Neto se somou à nova maioria do colegiado, formada pelos dois indicados pelo governo Lula - Ailton de Aquino e Gabriel Galípolo -, mais Carolina de Assis Barros e Otávio Ribeiro Damaso. É como a coluna quis mostrar: não se trata de ideologia, mas de técnica.
Assim, nem RCN - como é conhecido no mercado - nem o BC passaram vergonha - e também não a colunista que assina esta coluna. Ganha a economia brasileira e a boa política monetária. Votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual os seguintes membros: Diogo Guillen, Fernanda Guardado, Maurício Moura e Renato Gomes.
No comunicado, além da exposição da divergência, o Copom traça a linha para o futuro:
Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões (atenção para o plural) e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.
Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, que já havia mandado o recado de que não havia sentido cortar 0,25, ajudou a coluna na tradução do banco-centralês:
— Como o juro real está muito elevado, e o juro neutro (que não contribui para contrair ou expandir a economia) do BC é de 5%, para trazer a Selic mais para perto deve haver cortes de 0,5 até setembro de 2024, claro, se não houver fatores imponderáveis.