Já existe uma negociação entre o Piratini e o Planalto para avançar na concessão do Trensurb, sustenta o secretário estadual de Parcerias e Concessões, Pedro Capeluppi.
Ele confirma que a estatal não foi "esquecida" no Programa de Parcerias em Investimentos (PPI) do governo federal: há mesmo disposição de repassar o serviço para a iniciativa privada. Sem pressa e com muita cautela, é realista: não vai ocorrer antes de dois anos.
Se há alguém capaz de fazer essa novela deslanchar, é Capeluppi, que conhece o problema dos dois lados. Antes de assumir o cargo no Rio Grande do Sul, foi secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, sucedendo Diogo Mac Cord. Na época, o governo federal insistia, e o estadual resistia.
Agora, assegura Capellupi, os dois lados concordam em avançar com o processo. Falta, claro, um acordo sobre o modelo, que não deve ser o mesmo previsto anteriormente.
— Tem de fazer a concessão. A Trensurb é uma empresa federal que opera em um serviço de competência estadual, sem meta de investimento — argumentou.
Outra empresa na mesma situação, lembrou, a CBTU de Belo Horizonte (MG) foi privatizada em 22 de dezembro do ano passado e já está sob administração da compradora, a Comporte (saiba mais clicando aqui), uma empresa de transporte com sede em São Bernardo (SP) controlada pela família Constantino, fundadora da Gol. O governo federal garantiu, na época, R$ 2,8 bilhões destinados exclusivamente a investimentos. Havia previsão de R$ 1 bilhão para a Trensurb, mas o secretário estadual avalia que essa condição não será mantida.
O destino da Trensurb costumava ser associado ao da CBTU: se uma desestatização fosse bem-sucedida, a outra também seria. Mas haveria interessados na empresa que já foi descrita como um Marea 2004 sem seguro?
— Se a modelagem for boa, vão aparecer interessados — responde Capellupi.
Solicitado a apontar potenciais candidatos, o secretário citou a própria Comporte, além da CCR, que já tem operações no Estado - é a concessionária da freeway e de trecho da BR-386. Um dos desafios a superar, admite Capellupi, é o estudo de demanda -ou seja, quantos passageiros têm o serviço -, que não permite alcançar o equilíbrio econômico-financeiro para passar a atividade para a iniciativa privada.
— O estudo que existe tem data-base impactada negativamente pela pandemia. Vamos refazer diante da nova realidade.