É esse o tamanho da urgência: em pleno sábado à noite, foi anunciado um acordo "em princípio" - o que significa que falta formalizar - para fazer um puxadinho no teto da dívida dos Estados Unidos.
A falta de acerto resultaria em um histórico calote da dívida americana -impensável, mas que começava ser cogitado diante da dificuldade da negociação e do prazo apertado: era preciso implementar a elevação do limite até 5 de junho, data em que o Tesouro americano alertou que o país ficaria sem recursos caso a flexibilização não fosse aprovada.
O que foi comunicado pelo senador Kevin McCarthy, líder dos Republicanos, é que o teto terá um "puxadinho" por dois anos, mas que o governo será obrigado a limitar os gastos durante esse período. Os valores dos cortes não foram explicitados, mas versões não oficiais mencionam que o valor do teto ficaria congelado por dois anos, para poder aumentar em apenas 1% em 2025.
Na semana passada, os republicanos chegaram a exigir redução de US$ 4,5 trilhões nos gastos. Para compreender esse valor difícil de imaginar, que corresponde a quase três vezes o PIB anual do Brasil (US$ 1,6 trilhão) - é preciso olhar para a montanha da dívida americana. O teto atual, de US$ 31,4 trilhões, equivale a 120% do PIB dos EUA em 2022.
Na quarta-feira (25), a agência de classificação de risco Fitch havia colocado a dívida americana em perspectiva negativa - o primeiro passo para rebaixar a nota de crédito dos títulos considerados os mais seguros do planeta. Esse tipo de rebaixamento tem precedente, mas apenas um: em 2011, outra das três grandes avaliadoras, a S&P fez o primeiro rebaixamento na história dos títulos do governo dos EUA, cortando a nota para AA+. Desta vez, foi por um triz.
O aceno de solução para as dores de cabeça americanas com a dívida coincidiram com o encaminhamento parcial da saída brasileira para o problema da dívida nacional, a aprovação na Câmara dos Deputados do novo marco fiscal. Não foi tão ruim quanto se temia, nem tão bom quanto se gostaria, mas ajudou a espantar o medo de cenários catastróficos para a dívida brasileira.
Depois de reagir positivamente no dia seguinte, o dólar subiu e a bolsa caiu na quinta-feira (25), exatamente pelo temor sobre a falta de solução para a dívida dos outros. Então, para o Brasil, é positivo que o acordo seja confirmado e detalhado. Ao menos, para tirar de cenário um elemento de incerteza que faz o planeta tremer.