Nove anos atrás, a Natura criou um indicador para avaliar o bem-estar de suas consultoras de beleza - boa parte das vendas da marca ainda é feito por esse contato direto. Com a consultoria do gaúcho Flávio Comim, que foi economista-sênior do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e responsável no Brasil pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), criou seu próprio indicador, chamado IDH-CN.
Em 2022, esse termômetro apontou melhora de 3,6%, a maior desde sua criação. E nesta terça-feira (23), a Natura apresenta os resultados em Porto Alegre.
— A linha do tempo da sustentabilidade começou com olhar o ambiente sob o ponto de vista da regulamentação, ou seja, era preciso limpar o rio porque estava sendo exigido por lei, e a questão social como filantropia. Depois, passou por uma fase de compensação, que passava por compensar, por exemplo com a compra de créditos de carbono para compensar um impacto ambiental negativo. Mas há quatro ou cinco anos, começou a ficar claro que compensar não basta. É preciso pensar no impacto positivo do negócio. E a Natura é pioneira nessa atuação de harmonizar business e ação positiva — afirma Diana Guimarães, gerente de mercado Sul da Natura, participou da criação do indicador.
Ela explica que não se trata só de medir uma situação, mas dar ferramentas para atuar sobre a realidade das consultoras para melhorá-la:
— A partir das primeiras medições, adotamos várias ações, como atuar no letramento digital e na educação financeira desse público, além de criar ferramentas como o Natura Avon Pay, para facilitar o acesso das consultoras a pagamentos digitais.
O indicador é calculado a cada dois anos em três dimensões: saúde, que vai do acesso a atendimento de qualidade a informações individuais, autodeclaradas, conhecimento, que passa por inclusão digital, educação financeira, e trabalho, tanto com a Natura quanto outros feitos pelas consultoras. Segundo Diana, o resultado de 2022 teve recorde histórico positivo. No Brasil, a melhora foi de 3,6%. No Sul, que tem indicadores melhores, ressalva Diana, foi de 3%. Em conhecimento, houve avanço de 8,9%, em saúde, 6,7% e em trabalho, uma piora de 7,2%.
— Um dos nossos focos é dar acesso à educação financeira, essencial para a independência financeira das mulheres. Isso é importante para as consultoras em sua vida privada e também na atividade, porque consegue entender que o valor que vende é diferente do valor que fica para ela, e ajuda nas vendas. Um dos resultados do indicador foi a criação de um link para pagamento parcelado, que pode ser enviado ao cliente. Houve aumento de 44% entre as que usam ferramentas digitais e de 35% das que usam internet banking. E os cursos ajudam com tudo, tanto a baixar o app da Natura quando o do Uber, por exemplo.
As iniciativas voltadas à cidadania, detalha Diana, envolvem desde a campanha Amazônia Viva, que promove o engajamento não só das consultoras, mas de suas comunidades, e a que incentiva a volta dos jovens à escola, depois da grande evasão - especialmente no Ensino Médio - que ocorreu no auge da pandemia.