Depois de alguns dias de trégua, a inquietação sobre a saúde de grandes instituições financeiras voltou nesta sexta-feira (24). Agora, afeta as ações do Deutsche Bank, o maior banco da Alemanha, que caem 14%, arrastando as bolsas da Europa a quedas superiores a 2% e contagia as aberturas de negócios em Nova York e no Brasil.
No noticiário financeiro, o Deutsche é o que o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, chamou de "organismos debilitados". Mesmo nos sempre prudentes informes sobre instituições financeiras, dados inquietantes sobre o gigante apareciam com frequência nos últimos anos.
A nova onda de turbulência põe em xeque os esforços de órgãos reguladores para tranquilizar os mercados. Os problemas do Deutsche tiverem início ainda em 2015, com uma multa de US$ 2,5 milhões por manipulação da Libor, a taxa de referência do mercado interbancário de Londres. Em 2018, foi alvo de uma investigação na União Europeia por suposto cartel no mercado de títulos soberanos e, no ano seguinte, pela mesmo mesmo motivo, dessa vez em câmbio de moedas. No ano passado o Deutsche lucrou de 5 bilhões de euros, melhor resultado depois da crise financeira de 2008.
Mesmo assim, como as de outros bancos europeus, as ação do gigante alemão vêm caindo desde a volta da inquietação financeira. A perda acumulada do Deutsche no ano já atinge quase 25%. Nesta sexta-feira (24), diante da queda mais abrupta no dia, a instituição anunciou a intenção de antecipar o pagamento de US$ 1,5 bilhão de suas dívidas.
Depois do resgate - via aquisição pelo UBS - do Credit Suisse, o alemão é o "organismo debilitado" sobre o qual recaem as preocupações do mercado. Os dois têm muito em comum: são símbolos em seus países, enfrentaram questionamentos éticos sobre sua atuação e recorreram a investidores do Golfo Pérsico para se capitalizar. E apesar de todas as coincidências, o alemão tem importância sistêmica ainda mais crítica do que o suíço: é 11º maior do mundo, com ativos de U$ 1,5 trilhão - o Credit era o 28º.