O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço
Imagine participar ativamente da elaboração de um vinho, desde a escolha das variedades de uvas até a decisão sobre o tempo de amadurecimento em barrica, para depois saborear a bebida em uma festa entre amigos ou em um jantar. Essa é a proposta do winemaker gaúcho Adriano Roessler Viana, idealizador e sócio administrativo da Passio (paixão em latim), que oferece a chance de participar de um processo de vinificação colaborativa.
O modelo é muito parecido com um financiamento coletivo. Compra-se uma quantidade específica de garrafas e, no momento em que a safra estiver finalizada, recebe-se seus vinhos exclusivos.
Criada em 2021, a empresa elabora rótulos selecionados, explorando o terroir de três regiões do Rio Grande do Sul (Serra Gaúcha, Campanha e Serra do Sudeste), com foco no público de confrarias, hotéis-boutique, famílias, restaurantes e eventos.
O projeto teve início durante a pandemia, quando Adriano, geólogo de formação trabalhando há 36 anos na Petrobras, voltou do Rio de Janeiro para um período de home office em Porto Alegre, sua terra natal.
— Conheci Santana do Livramento e, de cara, me apaixonei pela paisagem da Campanha Gaúcha. É um ambiente espetacular, com coxilhas, cercadas de vinhedos e olivais. Voltei querendo comprar um campo e plantar meu próprio vinhedo, sem imaginar os investimentos necessários — recorda o empresário.
Sem a possibilidade de investir sozinho no cultivo de uvas e nos equipamentos para vinificação, o geólogo saiu em busca de parceiros. Foi então que conheceu Giovanni Ferrari, enólogo da vinícola ArteViva, que logo demonstrou interesse pela ideia e aceitou elaborar os vinhos da Passio em sua estrutura produtiva, na cidade de Monte Belo do Sul.
O portfólio da Passio conta, atualmente, com cinco rótulos, com produção média de 3,2 mil garrafas ao ano. E, hoje, é possível aderir às cotas remanescentes da vinificação colaborativa, criada por Adriano.
— Me ocorreu que eu poderia compartilhar o risco de produção. Foi aí que eu chamei o pessoal da Confraria da Lua Cheia para o jogo. Desde 2017, me reúno com outros cinco amigos da Petrobras, sempre nas semanas de lua cheia. A gente procura um restaurante com terraço ou varanda, para curtir a Lua, tomar vinho e bater um papo. Então eu ofereci para os confrades a ideia de fazer um rótulo exclusivo para o nosso consumo. Foi assim que elaboramos nossos primeiros vinhos — conta sobre o início da empresa.
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