Em menos de 10 dias, a partir de 1º de setembro, deve estar disponível o crédito consignado para quem recebe Auxílio Brasil. A medida, desenhada para conquistar o eleitorado de baixa renda para a reeleição de Jair Bolsonaro (PL), enfrenta resistência no sistema financeiro.
Pelas regras, quem recebe R$ 600 do Auxílio Brasil poderia pedir empréstimo e se comprometer com pagamento de parcelas de até 40% do valor do benefício, ou seja R$ 240 ao mês.
Em um país em que educação financeira é quase inexistente, e os brasileiros já não têm renda para pagar todas as contas, economistas e até instituições financeiras apontam risco de excesso de endividamento. Quem defende o consignado argumenta que seria uma linha de financiamento mais barata, porque o pagamento do benefício funcionaria como garantia, baixando o juro cobrado pelos bancos.
O prazo do consignado do Auxílio Brasil é de 24 meses, mas até agora o valor de R$ 600 só está garantido por lei até dezembro. Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometem estender o valor indefinidamente, mas não informaram de onde vão sair os recursos para sustentá-los. Para aumentar a quantia neste ano, foi preciso aprovar "estado de calamidade" para fazer mais um furo no teto de gastos.
Até agora, só três instituições financeiras confirmaram que devem oferecer essa linha: Banco do Brasil, Agi e Pan. Até o Banco do Brasil hesita, informando apenas que "estuda" o consignado para Auxílio Brasil. Os grandes bancos — Bradesco, Itaú e Santander — além de importantes no Estado — Banrisul e Sicredi — já avisaram que não vão operar com essa linha. Ao justificar a decisão à coluna, o presidente do Banrisul afirmou:
— Esse público é formado por pessoas vulneráveis. Não dá para onerar com juro o pagamento de um auxílio para que possam se alimentar. Socialmente, não é a melhor alternativa, preferimos não participar disso.