No final de semana em que a imagem do governo Bolsonaro sofreu grande desgaste, o ministro da Economia, Paulo Guedes, enfim parece ter se dado conta do tamanho do problema que o Brasil enfrenta no Exterior.
Em teleconferência com um grupo de empresários realizada no domingo (22), Guedes afirmou que "o futuro é verde" e explicitou:
— Temos que mudar a linguagem ou vamos sofrer terrivelmente.
Esse apelo é feito há mais de um ano por profissionais que se relacionam com potenciais interessados estrangeiros no Brasil. Diplomatas que representam a União Europeia e a atual presidência do bloco no Brasil há avisaram que "perder a confiança é fácil, recuperar é mais complicado", referindo-se à posição do governo brasileiro na gestão ambiental. Um dos pontos cruciais do discurso equivocado foi a declaração do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, de que "ser pária é bom" para o Brasil.
O curioso é que Guedes fez o discurso ambiental ao responder a uma pergunta do ex-ministro Sergio Moro, convidado a participar do grupo formado por empresários como Abílio Diniz e o gaúcho Jorge Gerdau. Ao responder, o ministro da Economia admitiu que o tom da resposta do governo brasileiro às cobranças internacionais foi "ruim para nós":
— Entramos com uma perspectiva interna de soberania e lá fora foi considerada um absurdo. Entramos com um tom que foi ruim para nós e isso se somou à própria divulgação de quem perdeu as eleições e não está sabendo se comportar. Dizem que a democracia está em risco. Quem vai ameaçar? Quem é que vai começar um ataque a democracia? Congresso, Senado, está tudo aberto. As Forças Armadas estão no quartel. A mídia é livre.
Ou seja, apesar de assumir parte da responsabilidade, Guedes transferiu parte para a oposição. Não citou a impropriedade proferida pelo colega de ministério. Na sexta-feira, depois de um vídeo em que o presidente falava em "estado de sítio" de forma confusa e afirmava que "o caos vem aí", o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, ligou para Bolsonaro, segundo relatos para perguntar qual foi a intenção desse discurso e para perguntar se "deveria ir a Brasília".