O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Incertezas sobre a pandemia e o ritmo de vacinação, fim de medidas de estímulo aos negócios e até ameaça de greve de caminhoneiros. De fato, 2021 começou com uma série de riscos para a economia brasileira. Por isso, analistas dão como certa a perda de fôlego da atividade na largada deste ano.
A questão é saber como o país reagirá nos meses seguintes. Em um contexto carregado de interrogações, cresce o movimento em busca de avanços na vacinação contra o coronavírus. Economistas e empresários vêm repetindo que a imunização em massa é a única alternativa para conter a covid-19 e permitir a reabertura segura de negócios.
Ou seja, a velocidade da vacinação será preponderante para ditar o ritmo da retomada ao longo do ano. O freio na pandemia é condição necessária para reduzir, por exemplo, restrições ao setor de serviços, considerado motor da atividade econômica.
Recente artigo assinado pelos pesquisadores Armando Castelar e Silvia Matos, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), cita previsão de avanço de 3,5% no Produto Interno Bruto (PIB) nacional em 2021, "concentrado no segundo semestre". Por outro lado, o documento frisa que "a disseminação do vírus e a demora na implementação dos planos de vacinação" representam "risco negativo" para a projeção.
Em razão das ameaças à atividade, o debate sobre a retomada de medidas de estímulo ganha fôlego no país. Entre elas, o auxílio emergencial, encerrado na virada do ano. Boa parte dos economistas entende que o benefício deve voltar devido ao aumento de casos de covid-19 em diferentes regiões, enquanto o mercado de trabalho segue em dificuldades.
O efeito colateral seria o novo impacto sobre as contas públicas. Diante do temor fiscal, o governo federal teria de reduzir o número de pessoas atendidas e, possivelmente, enxugar o valor do auxílio. Ao longo de 2020, cerca de 68 milhões de brasileiros foram elegíveis para receber o benefício, que começou com parcelas mensais de R$ 600 e terminou com depósitos de R$ 300.
Não bastassem todos esses desafios, grupos de caminhoneiros prometeram greve a partir desta segunda-feira (1º). A adesão ao movimento é uma incógnita, mas a discussão por si só já representa mais um fator de pressão no início do ano.
Resta aguardar pelos próximos desdobramentos.