A rejeição popular à obrigatoriedade da tomada de três pinos a transformou em símbolo da quebra de paradigmas desejada pelo governo Bolsonaro. A intenção era voltar ao passado, ao plugue de dois pinos, mas quase dois anos depois, nada aconteceu.
O melhor que os brasileiros podem esperar é que o mesmo ocorra com a vacina chinesa, que teve compra cancelada pelo presidente: sua validade deve ser certificada tecnicamente, independentemente de sua procedência.
Na noite de quarta-feira, em uma live da I Jornada Acadêmica do IPA, a coluna teve oportunidade de perguntar ao presidente do Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro), Marcos Heleno de Oliveira Júnior, como está o estudo do fim da obrigatoriedade.
O responsável pelo órgão ligado ao Ministério da Economia que verifica e fiscaliza critérios de segurança e padronização respondeu como fez Antônio Barra Torres, presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): está fazendo seu trabalho tecnicamente, e não há sustentação na legislação que permita mudar a regra.
Embora surjam, eventualmente, indicações ou torcida para que a tomada de dois pinos volte a ser, ao menos, uma opção, nada indica, na resposta de Marcos Heleno, que quem trocou as tomadas em casa seja obrigado a fazer algo como uma "substituição reversa". O que o presidente do Inmetro pondera é a existência de várias regulações, baseadas em testes e em critérios científicos, que sustentam que a tomada de três pinos é a melhor solução. Para que o Inmetro volte atrás, portanto, seria necessário o desmonte de todo um conjunto de regras e dispositivos.
Regras que disciplinam o uso seguro de tecnologias ou medicações precisam seguir esse rito: teste-se e aprove-se o que de fato funciona e é melhor para a sociedade. Seja a tomada de três pinos ou a vacina chinesa, inglesa, americana, francesa e que qualquer outra nacionalidade.
O que sustenta a tomada de três pinos
O Conselho Nacional de Metrologia (Conmetro) regulamentou o tema por meio da resolução número 11, de 20 dezembro de 2006, confirmando a adoção da norma NBR 14.136 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), de novembro de 2002.