No rumoroso episódio da frustrada estreia mundial do Facebook Pay no Brasil, muitos brasileiros ouviram falar pela primeira vez no PIX, do Banco Central (BC). Um dos motivos para a instituição barrar a iniciativa, que previa pagamentos via WhatsApp, foi exatamente ter sido construída fora do ambiente desse sistema de pagamentos instantâneos.
Lançado em fevereiro, pouco antes de o Brasil mergulhar na pandemia de coronavírus, o modelo deve estrear dentro de quatro meses, em novembro, conforme a mais recente previsão do BC. A promessa é permitir pagamentos ou transferências em poucos segundos, durante as 24 horas de cada um dos sete dias das semana.
Será gratuito para pessoas físicas, que também poderão sacar dinheiro em grandes redes de lojas, anunciou na semana passada o presidente do BC, Roberto Campos Neto. Um dos principais objetivos do BC é usar a tecnologia já disponível para reduzir prazo e custo de transferências e pagamentos. Há intenção de praticamente extinguir os atuais formatos mais comuns, DOC e TED, caros e burocráticos.
Para fazer um TED, por exemplo, é preciso conhecer e digitar os dados de quem vai receber, como banco, número de agência e conta, CPF ou CNPJ. A promessa do BC é que um pagamento por PIX só vai exigir um clique na informação da chave já armazenada no celular. Quem recebe só precisará clicar no link ou ler um QR Code (código com leitura rápida pelo celular) enviado pelo recebedor. Também será possível usar o sistema para pagar boletos, desde que o documento inclua, além do código de barras já conhecido, um QR Code.
No dia 1º de junho, terminou o prazo de inscrição para empresas ou instituições com participação facultativa. Segundo do BC, já estão habilitados 979 participantes. O maior número é de cooperativas de crédito (634), seguido por empresas de pagamento (252) e bancos comerciais (61). Neste link, é possível consultar quais são as já inscritas.
Não haverá limites mínimo e máximo de valor, embora bancos e outros participantes possam estabelecer tetos para reduzir risco de fraude, lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo. Segundo o BC, essas transações do PIX serão cobertas por sigilo bancário, da mesma forma como são TED e DOC. A segurança também é de mesmo nível, com autenticação e criptografia.
Saiba como será possível fazer um PIX
1. Para usar o sistema, será preciso ter uma identidade, que o BC chama de "chave de endereçamento", que pode ser CPF ou CNPJ, e-mail, número de telefone celular ou Endereço Virtual de Pagamento (EVP), uma forma de receber um PIX sem precisar informar dados pessoais ao pagador. É um conjunto de números, letras e símbolos gerados aleatoriamente que identificará uma conta e poderá ser utilizado para o recebimento de recursos.
2. Para pagar, será preciso informar essa identidade de quem vai receber, ou abrir um link enviado pelo destinatário dos recursos ou ainda ler um QR Code com o celular no aplicativo da participante credenciada pelo BC.
3. Para receber, basta informar a identidade, ou gerar um link no aplicativo do participante ou ainda criar um QR Code e enviá-lo ao pagador.